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Domingo, Outubro 12, 2025
Sociedade Instituto Tony Blair sugere intervenção militar regional em Moçambique

Instituto Tony Blair sugere intervenção militar regional em Moçambique

Os ataques de grupos insurgentes no norte de Moçambique devem ser enfrentados a curto prazo por uma força militar regional para evitar que a situação fique fora de controlo, defende um relatório do Instituto Tony Blair.

O estudo do Instituto para a Transformação Global, fundado pelo antigo primeiro-ministro britânico, alerta para a urgência de uma intervenção perante a deterioração da situação na província de Cabo Delgado, que atribui ao grupo terrorista Ansar al-Sunna, afiliado aos extremistas islâmicos do autoproclamado Estado Islâmico.”Desde os primeiros ataques em Mocimboa de Praia, no final de 2017, o grupo lança agora mais de 20 ataques por mês numa insurgência que abrange nove grandes cidades e municípios ao longo da costa de Cabo Delgado. Uma batalha pela cidade de Macomia, no final de maio, demonstrou a capacidade e ambição organizacional do grupo, além de uma escalada nos esforços contra-ofensivos do Governo”, refere o estudo.

A vila de Macomia, a 200 quilómetros da capital provincial (Pemba), foi ocupada durante três dias seguidos por grupos armados, que saquearam vários estabelecimentos comerciais e vandalizaram várias infraestruturas, incluindo o centro de saúde local.

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No total, os ataques dos insurgentes em Cabo Delgado, província moçambicana onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural, já causaram pelo menos 600 mortos.

No documento são feitas várias recomendações a curto e longo prazo, com destaque para a necessidade de uma maior coordenação regional e internacional para combater esta ameaça, incluindo a mobilização de uma força militar com soldados africanos.

“Se um grupo usa armas, algumas das quais sofisticadas, e mata civis indiscriminadamente, não podemos dizer que meios militares não devem ser usados. A prioridade deve ser a mobilização de militares com recursos suficientes em termos de comunicação, informação e armas para conter a violência e impedir que o grupo mate civis inocentes e conquiste mais território”, afirmou à agência Lusa Bulama Bukarti, um dos autores do relatório.

Bukarti e o outro autor, Sandun Munasinghe, analisaram a evolução da atividade do grupo Ansar al-Sunna em Cabo Delgado, desde as raízes como um movimento religioso não violento até à conquista de território através de raptos, saques e assassinatos em massa.