“Se têm dificuldades em decidir se me apoiam a mim ou Trump, então não são negros”, apontou o candidato presidencial democrata em entrevista ao programa de rádio nova-iorquino The Breakfast Club.
Para o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos da América, quem equaciona votar em Donald Trump não pode ser qualificado como negro. Ou pelo menos foi isso que o político e antigo vicepresidente de Barack Obama sugeriu esta sexta-feira, durante uma entrevista ao programa de rádio novaiorquino The Breakfast Club — um comentário polémico que já o levou a pedir desculpas publicamente.
Durante a entrevista, que pode ser vista na íntegra aqui, o mais do que provável candidato à nomeação democrata — os seus adversários foram-se retirando da corrida paulatinamente, até Bernie Sanders abandonar também a disputa — afirmou: “Se têm dificuldades em decidir se votam em mim ou em Donald Trump, então não são negros”.
A declaração gerou, sem surpresa, polémica instantânea, nomeadamente nas redes sociais. Aí, quer “ativistas” quer conservadores “atiraram-se” a Joe Biden, por se julgar no direito de avaliar se alguém é ou não é negro a partir da sua orientação política, como nota o jornal norte-americano The New York Times.
Uma das primeiras reações públicas, também citada pelo diário nova-iorquino, chegou do senador da Carolina do Sul Tim Scott, o único senador negro do Partido Republicano no Senado dos EUA. Na rede social Twitter, Scott recordou que “1.3 milhões de americanos negros já votaram” no então candidato presidencial, e atual Presidente, Donald Trump em 2016 e acrescentou: “Esta manhã, Joe Biden disse-nos a todos [negros eleitores de Trump] que não somos negros. Poderia dizer que estou surpreendido, mas infelizmente estou habituado a que democratas deem a comunidade negra como adquirida e intimidem aqueles que não concordam”.
Uma das conselheiras de Joe Biden, Symone Sanders, já reagiu na rede social Twitter, declarando que as palavras foram irónicas — em tom “de brincadeira” — e que Biden estava simplesmente a querer dizer que os seus pergaminhos passados na defesa da comunidade afro-americana são incomparáveis com os de Donald Trump.