Internacional Médico e jornalista que alertaram para epidemia do coronavírus estão incontactáveis

Médico e jornalista que alertaram para epidemia do coronavírus estão incontactáveis

Primeiro foi um médico que alertou para o surto e que acabou por morrer, vítima do coronavírus. Agora, outro médico e um jornalistas saem de circulação. Receia-se que o governo chinês esteja a silenciar quem assume uma posição crítica.

Depois da morte do médico que alertou para o surto de coronavírus no território chinês, somam-se novas dúvidas sobre o paradeiro de outras vozes críticas da actuação do governo daquele país.

Li Wenliang morreu após contrair o novo vírus enquanto atendia pacientes na cidade de Wuhan, epicentro do surto da doença. Em dezembro do ano passado, enviou uma mensagem aos colegas, alertando sobre um vírus com sintomas semelhantes ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), mas foi orientado pela polícia para “parar de fazer comentários falsos” e investigado por “espalhar boatos”. A morte do médico gerou uma onda de consternação internacional e, internamente, foi considerado um herói, digno de admiração entre a população chinesa pelo seu comportamento.

Agora, a CNN divulga a situação de um jornalísta com quem amigos e familiares perderam o contacto. Chen Qiushi, terá sido responsável por expor a gravidade do novo coronavírus na China através de várias reportagens, e segundo o canal norte-americano de notícias, estará desaparecido desde quinta-feira.

Segundo a CNN, a família de Qiushi, que também trabalha como advogado de direitos humanos, não tem notícias dele há quatro dias e está preocupada com o seu desaparecimento. O jornalista chegou a Wuhan a 24 de Janeiro, um dia após a cidade ter sido sujeita a um bloqueio imposto pelo Estado para impedir que os cidadãos saíssem e, desta forma, conter a propagação do vírus. O jornalista, entretanto, visitou hospitais e alas improvisadas de isolamento e colocou online os vídeos da realidade ali vivida.A CNN revela ainda que os amigos dizem que contactavam com Qiushi várias vezes por dia, o que já não é possível e, por isso, receiam que possa ter sido levado pelas autoridades.

Em Agosto, o jornalista viajou até Hong Kong para relatar os protestos pró-democracia e é já conhecido do público chinês. O seu canal no Youtube conta já com mais de 430 mil subscritores e no Twitter são mais de 246 mil os seguidores. Ambas as plataformas estão bloqueadas na China, mas muitos cidadãos usam redes privadas virtuais para aceder aos canais.

Outro médico está a ser procurado e, desta vez, a notícia é avançada em exclusivo pelo jornal britânico “Guardian” e diz respeito ao médico chinês Jiang Yangyong, que estará com as movimentações limitadas desde 1989 devido aos seus comentários sobre os protestos na Praça de Tianamen, cumprindo orientações das autoridades.

Cirurgião militar, Jiang Yanyong, de 88 anos, terá agora exposto a actividade do governo no acompanhamento da crise do surto de SARS em 2033, o que não terá agradado as autoridades chinesas. E, na China a sua imagem foi retomada com a morte de Li Wenliang e questionando se, antes que tivesse tomado posições públicas sobre o surto de coronavírus, o médico tenha sido afastado de circulação.