Uma enorme cratera aberta numa estrada na área de Honde, distrito de Barué, centro de Moçambique, após intensos confrontos militares, interrompeu a circulação entre as províncias de Manica e Tete, disseram testemunhas à Lusa.
O buraco, de quase um metro de profundidade e que atravessa todo a largura do pavimento de uma das principais estradas do centro de Moçambique, foi aberto na noite de sábado, após intensos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e homens armados, presumivelmente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), impedindo por completo o trânsito de viaturas nos dois sentidos, situação que se mantinha até ao início da tarde de hoje.
“A estrada está cortada e as Forças de Defesa e Segurança estão a impedir que se chegue lá para evitar mais ataques“, disse à Lusa um transportador, acrescentando que estava a ser preparada uma escolta militar com um blindado para se reactivar a circulação.
Vários transportadores que fazem a ligação Chimoio-Catandica-Guro e Tete foram forçados a voltar para trás e deixaram os passageiros em terra.
“Não há condições de passar para os dois lados de Honde. Primeiro, houve grandes confrontos esta manhã, aliás esta semana toda o troço não esteve bem“, disse um outro transportador, que foi forçado a regressar para o ponto de partida, em Guro, relatando que vários autocarros estão parados nos terminais de passageiros.
A Lusa testemunhou em Chimoio um protesto de passageiros, que exigiam o reembolso do pagamento das passagens, após os veículos de transporte público terem interrompido as suas viagens e regressado ao terminal.
Uma outra testemunha relatou à Lusa que um camião de carga foi incendiado durante os confrontos militares no início da manhã de hoje, e junto da zona onde foi aberta a cratera, tendo o motorista sido atingido por tiros e transferido para o Hospital Rural de Vanduzi.
“O motorista foi atingido nos dois pés e o seu camião foi incendiado“, descreveu a testemunha, relatando que as Forças de Defesa e Segurança estavam a confiscar telemóveis para evitar a captação de imagens.
Fonte médica no Hospital Rural de Vanduzi confirmou à Lusa, sem detalhes, a entrada do ferido, remetendo mais informações para a polícia.
A polícia ainda não se pronunciou sobre o incidente.
Moçambique vive um período de instabilidade política e militar, marcada pela exigência da Renamo em governar nas províncias onde reclama vitória nas últimas eleições, que considerou fraudulentas.
Desde fevereiro, foram registados vários ataques atribuídos pelas autoridades a homens armados da Renamo nas principais estradas do centro de Moçambique e que levaram o Governo a ativar escoltas militares obrigatórias a viaturas civis em dois troços na província de Sofala da N1, a principal via do país.
Notícias ao Minuto