Associação dos Músicos Moçambicanos (AMMO) é uma Organização sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, construída por adesão individual e outras individualidades que exerçam tarefas de produção, estudo e divulgação da Música Moçambicana.
A equipa da Moçambique Media Online, escalou esta segunda-feira (13), a Associação Dos Músicos Moçambicanos (AMMO), para uma interacção com o Secretario Adjunto desta agremiação, Douglas Harris, para com ele colher alguma informação sobre o real estágio daquela Entidade.
Segundo Douglas: “a actual direcção vai no seu segundo mandato, e encontrou uma situação lastimável, isto é, no primeiro mandato nosso, tivemos que tomar uma serie de medidas administrativas que era para inverter a situação em que se encontrava a Organização. Pedimos vários apoios dentro e fora do país, recebemos esses tais apoios, e dizer que ajudaram bastante para inverter a situação, e hoje respiramos um pouco de ar puro, claro que as dificuldades são sempre constantes em qualquer Organização, pretendemos melhorar a vida dos nossos associados e a classe no geral”.
É de salientar que o AMMO tem como objectivo, congregar e representar os músicos moçambicanos; promover o desenvolvimento e a divulgação da música como forma de defesa e consolidação de Unidade Nacional; entre outros afins que beneficiam esta classe:
Quando questionado, Douglas sobre o apoio que esses dão as artistas quanto ao lançamento discográfico, a progressão da carreira, e a dificuldade em produzir os seus trabalhos, este respondeu dizendo: “Quero aqui recordar que a situação dos músicos não depende da organização mas sim depende da união dos músicos, digo isso porque os músicos devem estar enquadrados nas associações, neste caso a associação mãe que e a AMMO. Quando os músicos andam dispersos torna-se difícil resolver os problemas, aparece um e outro que consegue através dessas organizações como Mcel, Vodacom e outras, mas nos gostaríamos de facto que esse apoios partissem internamente da organização para os artistas, mas enquanto não recebemos esses tipo de apoio nos vamos tentando criar minimamente condições para que o musico grave, nos hoje temos um estúdio de gravação, e mais benéfico para aqueles que são membros, que honram com os seus compromissos que são as cotas, e a sua participação interna nas nossas actividades e esses tem-se beneficiado na gravação, e para aqueles que não são associados nós temos um valor, também não penalizamos por ser músico e não ter condições, torna-se mas barato gravar aqui do que nos outros estúdios, porque nos queremos que os nossos artistas nacionais tenham a possibilidade de gravar os seus discos.”
Não obstante, procuramos saber do Douglas quanto a Pirataria discográfica existente no nosso mercado, visto que a Associação dos Músicos Moçambicanos junto com a SOMAS, desencadearam uma campanha contra a pirataria em Moçambique, este respondeu dizendo: “Isto nos preocupa bastante como Associação, porque nos somos parceiros com a associação dos escritores que é a SOMAS, recebemos sempre queixas dos artistas e nos já fizemos campanha de recolha de discos piratas, o grande problema nisso é que não existe vontade Política para resolver esse assunto, este é um assunto que envolve vários actores e também tem uma serie de implicações, as autoridades sabem onde é que são feitos os discos, então é uma questão de vontade política, dando um exemplo concreto, porque que nos temos a polícia de trânsito nas estradas, é para controlar o tráfego, punir, os infractores, e porque que não acontece o mesmo com a pirataria, a pirataria não é só discos, são vários outros factores, mais não existe vontade política para se resolver esta situação, por isso continuamos nessa situação”.
Procuramos ainda saber do Secretário adjunto, o que estes tem feito para incentivar aos artista a participar no MMA-Mozambique Music Awards, Douglas respondeu o seguinte : “MMA é uma entidade, nos não interferimos directamente, não existe uma parceria entre o MMA e a Associação dos Músicos Moçambicanos, mas a MMA tem convidado a AMMO para fazer parte neste processo, de vez enquanto nos injectamos membros da Organização da Direcção para participar directamente neste concurso, mas nos não temos muita influência sobre isso, agora como organização, a nossa opinião e que é bem vindo, desde que o assunto seja tratado de forma transparente e que haja responsabilidade sobre o assunto, e que de facto ajude os artistas, para nos é bom que aconteça, se não acontece e que não vai sair coisas positivas em benefícios dos artistas que participam neste processo.”
Recentemente tivemos uma perda lastimável no mundo da música em Moçambique, o falecimento da Cantora Elsa Mangue, procuramos colher informação do Douglas sobre o apoio que estes dão nesse tipo de situação, O Secretário Adjunto do AMMO respondeu o seguinte: “Esta é uma situação de lamentar. A morte da nossa colega foi muito triste. Também aproveito esta oportunidade para chamar atenção a sociedade porque é um assunto da sociedade, está a um nível que não nos diz muito respeito, é a própria sociedade que tem de resolver esse tipo de situação, o que aconteceu com a nossa colega não difere do que acontece com muitos concidadãos nossos, agora nos como associação não temos muitas condições, porque nos não recebemos orçamento Geral do Estado, dependemos das cotizações, nenhuma organização pode sobreviver com 50mts de cotas, nos trabalhamos com muitas dificuldades, mais na medida do possível nos tentamos minimizar, ajudamos os músicos, nos temos acordos, parcerias com a associação dos médicos que tem ajudado bastante os nossos músicos quando estão doentes, também nos tentamos sensibilizar os músicos na importância de ter o seguros de vida, porque estes não podem depender só da Associação, então a associação tem esta política de fazer seminários, convidar os membros para discutir os assuntos relacionados com a vida do artista, convidamos Ministérios para discussão do assunto, tais como o do Trabalho, da Cultura a Autoridade Tributaria, e até já fizemos seminário com o Standard Bank, por causa da questão dos músicos terem o Seguro de vida e a vantagem de estarem a segurados, já tivemos seminário com a Emose, junto com os músicos, apelando a estes para aderir a esses seguros de vida, agora nos temos um grande problema aqui em Moçambique, os músicos não tem noção do que é o associativismo, esses são ignorantes com relação a esse assunto, não tem noção da importância de ter o seguro de vida, e não cabe a associação pegar um homem adulto levar a força a Emose, ao BIM, ao Banco de Moçambique para adquirir o seguro, essa é uma questão individual, Na Europa qualquer cidadão tem seguro de vida, mas nos não temos essa cultura.”
Já no término da conversa, o nosso interlocutor deixou mensagens para a sociedade e para os músicos dizendo: “Para uma sociedade justa, limita enfermidades, enquanto a sociedade não for justa teremos sempre mendigos nas estradas, pessoas frustradas, jovens frustrados, então é preciso que a sociedade assuma as suas responsabilidades como sociedade para resolução de problemas enfermos a sociedade. Um apelo em nome pessoal”.
“ Aos músicos primeiro a união, tem que haver união entre os músicos, tem que haver respeito, e um músico tem que ter a consciência que é um espelho para a sociedade, é o mensageiro para a sociedade de boas praticas, e o músico tem responsabilidade social, respeitar os seus fãs e sobre tudo respeitar esta sociedade, nenhuma sociedade vive sem regras, nos não podemos viver numa ilha, nos assistimos músicos que depois de terem um pouco de dinheiro se julgam ser superiores aos outros cidadãos, não podemos viver de ilusões, temos que viver a realidade do dia-a-dia a que estamos expostos, muitas vezes vemos músicos que vivem de sonhos, fazem vídeos com carros de luxos mas na realidade nem casa tem, então não podemos estar a criar expectativas na sociedade daquilo que não existe, o músico tem que ter postura real da vida quotidiana de um Moçambicano.”