O Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC) e o Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) realizaram esta quarta-feira um workshop de actualização dos jornalistas em questões de Legislação Ética na cobertura eleitoral.
No discurso de abertura, o representante do SNJ, Eduardo Constantino, falou do contributo da comunicação social na cobertura eleitoral e desafiou os jornalistas, sobretudo os mais novos na profissão, a fazerem um trabalho digno.
“A comunicação social tem um papel crucial na transmissão das mensagens de todos os partidos concorrentes. Aos mais novos aconselho a fazer um bom trabalho, sem nunca desistir face às dificuldades que encontrarem na actividade jornalística. Aproveitem as oportunidades e informem com rigor e isenção”, disse.
Na sua intervenção, em representação do CEC Leonilda Sanveca debruçou-se sobre algumas técnicas de construção de conteúdos noticiosos, principalmente no que concerne à linguagem jornalística.
Sanveca disse que o jornalista é mediador dos acontecimentos públicos, necessita da narrativa para se expressar e o seu papel é o de “narrar e dar respostas para a opinião pública – ajudar a opinião pública a interpretar os acontecimentos, contornando, através da linguagem, qualquer percepção errada sobre determinado assunto”.
A Representante do CEC recomendou uma cobertura eleitoral plausível, de tal modo que impulsione uma mudança de mentalidade nos actores políticos e o acompanhamento das suas acções no período pós-eleitoral, cobrando a efectivação das propostas feitas no período da campanha.
Sanveca terminou o seu discurso alertando sobre alguns cuidados que o jornalista deve considerar na cobertura eleitoral, que passam, efectivamente, por ser imparcial, neutro e equilibrado, evitando linguagens que promovam o ódio ou estereótipos, ou ainda que incitem a violência.
Por sua vez, o docente da UEM Eduardo Chiziane fez uma apresentação da estrutura da lei n° 12/2014 de 23 de Abril, lei eleitoral, aprovada em substituição da lei n° 8/2013 de 27 de Fevereiro, e falou de alguns princípios que devem orientar o trabalho jornalístico.
“O jornalista deve orientar a sua actividade olhando para o pacote eleitoral como um mecanismo que garanta a paz e a estabilidade do país e aplicá-lo como um instrumento de prevenção de conflitos”, afirmou.
Chiziane apelou aos jornalistas o respeito pelos deveres que lhes são impostos pela lei de imprensa, nomeadamente: o dever de objectividade e rigor, informando com isenção e transparência. Para chegar a este estágio, “é preciso que o jornalista tenha uma visão global do processo eleitoral e conheça todas as suas fases nomeadamente o nível de objectividade, rigor e isenção”, disse.
No que diz respeito a ética e deontologia profissional, Eduardo Constantino partilhou ideias sobre o código de conduta de cobertura eleitoral, aprovado em 2008 e revisto em 2009 e ainda sobre o código de ética e deontologia do jornalista moçambicano aprovado em 2010.
O director do SNJ disse que estes instrumentos visam definir regras sobre como a actividade jornalística deve ser executada em Moçambique e que incidem fundamentalmente na necessidade de independência, do respeito e da dignidade humana.
“Trata-se de instrumentos não facultativos, sem ordem de lei e, por isso, muitos são os profissionais que os violam” disse, lamentando o facto de não existir ainda um instrumento que regula a actividade, para acrescentar que “esperamos que o governo aprove o regulamento da carteira profissional do jornalista de Moçambique.”
Para já, o SNJ tem um acordo com o CEC para a monitoria do cumprimento do código de ética e projecta criar um gabinete de monitoria de cobertura eleitoral.
Falando ainda de questões éticas na cobertura eleitoral, Eduardo Constantino advertiu à comunicação social a distanciar-se dos interesses dos candidatos dos partidos políticos e a abster-se da propaganda e de acções de acessória durante o período em que estiver a decorrer a campanha. “Se o jornalista quiser integrar o gabinete do seu partido, deve suspender a actividade jornalística e só daí fazer parte da campanha”, afirmou