Sociedade Segurança Tropas governamentais voltam a bombardear Gorongosa e Inhaminga

Tropas governamentais voltam a bombardear Gorongosa e Inhaminga

A Renamo acusou ontem as tropas militares conjuntas do Governo, nomeadamente as FADM e a FIR, de terem protagonizado na manhã desta quarta-feira, ataques contra suas posições na serra da Gorongosa e Inhaminga.

António Muchanga, porta-voz do presidente da Renamo, disse, em conferência de Imprensa no final da manhã da quarta-feira, que nos referidos ataques foram usadas armas de destruição maciça, nomeadamente canhões B11, tendo sido disparados 38 obuses.

“Mais uma vez, viemos, através de vós, comunicação social, alertar às forças vivas da sociedade moçambicana e internacional que, apesar do desenrolar satisfatório das negociações em Maputo que culminaram com aprovação e promulgação da Lei Eleitoral, as forças combinadas FADM e FIR, hoje, dia 5 de Março de 2014, atacaram as posições das forças da Renamo na Gorongosa e Inhaminga”, disse Muchanga, acrescentando que “esses ataques representam uma ameaça real ao entendimento que todos os amantes da paz desejam que sejam alcançadas o mais breve possível”.

“Na região de Vunduzi, neste momento em que vos falamos estão a arder casas das populações, queimadas e destruídas pelas forças do Governo da Frelimo estacionadas no posto de Vunduzi”.

A Renamo diz que no dia 28 de Fevereiro de 2014 “aprovámos, por unanimidade e aclamação, as Leis 5 e 6, atinentes ao recenseamento eleitoral e à composição dos Órgãos Eleitorais, estávamos convencidos que uma nova página se abriria na história do nosso País”.

De acordo com o porta-voz António Muchanga, quando há sensivelmente mês e meio a Renamo decretou, unilateralmente, a contenção dos confrontos no troço Save Muxúnguè, os moçambicanos respiraram de alívio porque estavam criadas as premissas para a livre circulação de pessoas e bens, como corolário do desenvolvimento das negociações no Centro de Conferência Joaquim Chissano.

Segundo deu a conhecer, quando se iniciou o debate do ponto 2 da agenda das negociações, era entendimento da Renamo que se estava no caminho certo, rumo à consolidação da paz, da democracia multipartidária.

A Renamo ameaçou, apelando ao comandante em chefe das FADM/FIR para fazer a melhor escolha: guerra ou negociações sérias, pois “para o presidente Dhlakama, não faz sentido que as FADM/FIR continuem a perseguir os homens da Renamo e a ele próprio numa altura em que, na qualidade de comandante em chefe das Forças e Desmobilizados da Renamo, orientou uma contenção dos actos militares nas várias frentes como são os casos de Muxúnguè, Inhambane, Gaza, Maputo, Tete etc.”.

“A continuação dos ataques das FADM/FIR aos homens da Renamo poderá precipitar o fim da paciência destes e do seu comandante em chefe, presidente Afonso Dhlakama, e um “futuro negro” para o País poderá ter lugar, dado que o próprio presidente Dhlakama acabará vendo o seu comando desobedecido pelos homens que estão a ser perseguidos, presos, torturados e mortos pelas forças comandadas pelo presidente Armando Guebuza”, afirmou o porta-voz.

Questionado à margem das negociações no Centro Internacional Joaquim Chissano, o ministro da Agricultura, José Pacheco, confirmou os ataques, mas justificou que “as nossas Forças de Defesa e Segurança defenderam-se e estão a perseguir os que atacaram o carro da Polícia, mas não sabemos o que está a acontecer no campo de batalha”. Sobre o uso de armas de destruição maciça, Pacheco remeteu a questão às forças de defesa e segurança.