Nacional Moçambique declara luto nacional de seis dias pela morte de Nelson Mandela

Moçambique declara luto nacional de seis dias pela morte de Nelson Mandela

Nelson Mandela

Moçambique declarou luto nacional de seis dias, desde a meia noite desta terça-feira (10), em memória de Nelson Mandela. Entretanto quase uma centena de líderes mundiais, desde o moçambicano Armando Guebuza ao norte-americano Barack Obama e até ao iraniano Hassan Rouhani, estão na África do Sul para as cerimónias desta semana em homenagem a Nelson Mandela, numa reunião sem precedentes para celebrar a memória de um dos maiores pacificadores da humanidade.

O Presidente de Moçambique será acompanhado pela sua mulher, Maria da Luz Dai Guebuza, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi.

Do Brasil viajou a presidente Dilma Rousseff ao lado dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva para acompanhar os eventos do funeral de Mandela.

O presidente de Cuba, Raúl Castro, do Zimbabwe, Robert Mugabe, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, também participarão dessa que será uma das maiores reuniões globais de dignitários na história recente, numa cerimónia a ser realizada nesta terça-feira no estádio Soccer City, em Johanesburgo, informou a chancelaria sul-africana na segunda-feira.

Mandela, primeiro presidente negro da história sul-africana, morreu na quinta-feira, aos 95 anos.

“O mundo todo está vindo para a África do Sul”, disse o porta-voz da chancelaria, Clayson Monyela, minimizando as preocupações com a logística e a segurança de um evento tão grande, com prazo de apenas cinco dias para ser organizado a partir da morte do político — que já tinha a saúde muito frágil nos últimos meses.

Israel, que no passado foi aliado dos governantes do apartheid que mantiveram Mandela preso por 27 anos, não vai enviar nem o primeiro-ministro nem o presidente, segundo autoridades israelitas.

Grande parte do plano logístico está baseado na realização do Mundial de futebol de 2010. Embora a África do Sul tenha se recusado a discutir o funeral de Mandela antes de sua morte, as preparações estão sendo feitas há anos.

“Obviamente não estamos a começar do zero em termos de organização”, disse Monyela. “Temos um sistema que entra em funcionamento sempre que a gente tem eventos dessa magnitude.”

O estádio Soccer City, para 95 mil pessoas perto de Soweto, bairro que foi o epicentro da luta contra o apartheid, foi o local da última aparição pública de Mandela, que em 2010, dentro de um carrinho de golfe, acenou para a torcida na final do Campeonato do Mundo de futebol. Além de segurança, o memorial no estádio representa para as autoridades um campo minado diplomático – tentando evitar um a chance de, digamos, um encontro de Mugabe com o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, a quem chamou de “menino” e “mentiroso”.

Os mais próximos a Madiba, nome do clã pelo qual Mandela era conhecido, dizem que ele iria querer apertos de mão, e não enfrentamentos.

“Amanhã (terça-feira), as pessoas deveriam honrar suas relações com Madiba. Se isso significa apertar as mãos do inimigo, sim, eu gostaria de ver isso”, afirmou à Reuters Zelda la Grange, sua assistente pessoal por mais de uma década. “Isso é o que realmente foi e é Nelson Mandela — unir as pessoas apesar de suas diferenças.”

Desde que Mandela morreu em sua casa, cercado pela família e após uma longa batalha contra uma infecção pulmonar, os 52 milhões de sul-africanos mergulharam numa comoção que não se via desde que Mandela foi libertado após 27 anos de prisão, em 1990, e da sua eleição presidencial, quatro anos mais tarde.

No domingo, admiradores lotaram igrejas, mesquitas, sinagogas e salões comunitários para rezar e louvar o homem que é considerado o Pai da Nação e um farol global de integridade, retidão e reconciliação.

Após a celebração de terça-feira, o corpo de Mandela será velado durante três dias nos Edifícios da União, em Pretória, onde ele tomou posse como presidente, em 1994.

O enterro será no dia 15, em Qunu, aldeia do seu clã, na província do Cabo Oriental. Esse evento, segundo Monyela, terá um caráter mais familiar, com a presença de poucos líderes mundiais.