A Avenida Julius Nyerere, uma das vias de entrada e saída da zona nobre da cidade de Maputo, concretamente no troço entre a Praça de Destacamento Feminino e Sommerschield II, está a ficar completamente degradada antes da sua inauguração, visto que foi reabilitada ainda neste ano. É um troço de cinco quilómetros e meio, e vai entre a Praça de Destacamento Feminino até à Praça dos Combatentes, vulgo Xiquelene. Orçadas em 12 milhões de dólares norte-americanos, as obras foram financiados pelo Banco Mundial e deviam ter sido entregues em Julho do ano corrente mas devido à lentidão dos mesmos o prazo foi prorrogado para Janeiro do próximo ano e, mais uma vez, foi prorrogado para mais um mês.
O director de infra-estruturas no Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM), Vidigal Rodrigues, diz que a degradação repentina deve-se ao uso por parte do empreiteiro de material de má qualidade na pavimentação e no revestimento da base da via.
Falando numa conferência de Imprensa convocada para dar o ponto de situação, Vidal Rodrigues explicou que os buracos estão a surgir justamente na parte onde acaba de ser asfaltado, ou seja, entre Praça de Destacamento Feminino e Sommerschield II: E diz que isso é resultado de má qualidade do material usado pela empresa que está a executar as obras, a empresa portuguesa Britalar.
“Temos estado a constatar o surgimento de buracos ao longo da via exactamente no troço onde acaba de ser asfaltado como consequência da remoção do asfalto aplicado na mesma”, disse o director de infra-estruturas no CMCM.
Investigações em curso para se apurar responsabilidade
E para aferir o que, na verdade, está a acontecer, o CMCM e a Britalar decidiram abrir um processo de investigação para se apurar as causas desta situação cujos resultados serão conhecidos dentro de 20 dias.
Para o efeito, as duas entidades já enviaram amostras do material usado para o revestimento e a pavimentação da via para o laboratório de Engenharia de Moçambique.
“Já enviámos amostras do material usado para Laboratório de Engenharia de Moçambique no sentido de apurarmos as verdadeiras causas deste estranho fenómeno”, sublinhou Vidigal Rodrigues.
“Caso se confirme as nossas suspeitas, tomaremos as devidas medidas. Caso não, vamos ver o que fazer. Mas também devo sublinhar que dentro em breve irá iniciar o trabalho das correcções de modo a não se comprometer os prazos da entrega da obra de 2014”, disse.
Britalar nega estar a usar material sem qualidade
No entanto, a Britalar, empresa que está a executar as obras, nega que a danificação, ou seja, o surgimento de buracos no troço já reabilitado esteja ligada à falta de qualidade do material usado.
O director-geral da Britalar, Alexandre Almeida, diz tratar-se de um “fenómeno estranho” mas que não acredita que a sua origem tenha a ver com a qualidade do material usado, uma vez que antes do arranque da obra, o material foi testado “mais de mil vezes”. “Somos uma empresa séria, jamais iríamos usar material sem qualidade para executar qualquer obra que seja”, disse Alexandre Almeida.
“O que está a acontecer é que a via é atravessada por drenos antigos e que por estarem danificados deixam escapar água, razão pela qual está a criar buracos no troço. Mas acredito que os resultados laboratoriais irão dizer claramente as razões deste fenómeno. Tenho fé que as nossas suspeitas irão confirmar-se”, sublinhou o director da Britalar.