Cultura Custódio Duma apresenta “Estrada sem Asfalto”

Custódio Duma apresenta “Estrada sem Asfalto”

Estrada sem Asfalto” é a nova obra literária da autoria do jurista e poeta Custódio Duma, actualmente presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos de Moçambique. Com a chancela da Alcance Editores, o livro foi lançado ao princípio da noite desta quinta-feira, dia 07 de Novembro, no Centro Cultural Português em Maputo, e tem o prefácio de Eduardo White e trata-se de uma obra poética rica em ensinamentos que aborda aspectos ligados à educação, aos valores do quotidiano como a esperança, o choro, a alegria, as memórias, a convivência e a partilha.

Custódio Duma apresenta "Estrada sem Asfalto"

Como dizia Eduardo White no prefácio, o livro é uma simples, ritmada, melódica, madura, embora ainda em crescendo, o que é muito bom e impregnada, simultaneamente, tanto de mágoa como de alegria.

Na “Estrada sem Asfalto”, o autor diz ironicamente ter conhecido uma estrada sem asfalto, uma música sem melodia, um discurso sem voz nem ousadia e pessoas, mas pessoas sem ressalto.

Vai mais longe dizendo que conhece um País sem donos, pessoas deslocadas da raiz que andavam na estrada sem asfalto zombando e recusando um País.
O mesmo Custódio Duma afirma, no seu primeiro canto, conhecer cantores sem música, buscando uma canção, uma melodia. Como não bastasse, prossegue dizendo que conheceu um líder que falava ao dia, mas que não era escutado nem cuidado. Conclui que também conheceu almas construídas em cobalto, que corriam numa estrada sem asfalto, escutando uma música sem melodia fugindo de um líder que nada dizia.

Por outro lado, fala de “falsarios” que construíram uma vara, um escudo de neve rara e rios de sangue. Os tais “falsários”, segundo o poeta, ataram as gentes, banharam o falso com ouro, e governaram o tesouro uma fina nação do agouro.

Criaram focos de porcos, fossas inundadas de loucos, línguas amordaçadas e muitas mentes hibernadas. Para ele, os “falsários” nada fizeram senão construir um jardim de pregos, um povo de pernas cambaleantes e muitos ratos ruminantes.

Fala também de sonhos de paz e amor magoados. De uma luz que brilhava tanto que cegava e a alma humana escravizava. Viu gente que caminhava tanto que se cansava e da sua missão se desviava, tal como viu um vazio que domina até que mata e quebra a luz da gente. Viu gente sem luz que brilhava, um povo oprimido que não gritava, que chorava e labutava.

A obra, que vale a pena ler pelo seu misto de poemas de alegria e tristeza, tem 131 páginas com lindas histórias.

O articulista conclui que cada dia se descobre ele próprio perdido sem lógica caminhando este mundo. Acrescenta que cada dia se descobre enganado por uma banda que com ele dança com lírica imprópria e sem pujança dado que o mundo lhe suspende com medo.

Por isso descobre-se ridículo e vendido cantando, dançando e enganado perdido na desgraça inocente.

Intransigências e intolerâncias

No seu discurso, Custódio Duma referiu que a obra aparece num momento ímpar e crítico para o País atravessa, afirmando que neste momento ouve dizer de vidas que estão a ser ceifadas por disparo nas estradas “por causa da intransigência e intolerância”.

“Quando vinha para este lançamento acompanhei que alguns jornalistas foram espancados por militares na estrada sem asfalto. Mas que fique claro que um País ou uma sociedade não é construída por uma só pessoa, um só movimento, uma única visão”, disse o autor da “Estrada sem Asfalto”.

Custódio Duma é natural de Mossurize, província de Manica, com estudos em Direito, Ciência Política e Teologia feitos em Moçambique e Brasil.

É casado, pai de três filhos, actualmente, presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos é advogado de profissão e autor de vários artigos sobre Direitos Humanos, Justiça e Boa Governação, tendo publicado a sua primeira obra poética “Verdadeira Confissão” (menção honrosa da bienal TDM) em 2004.

Embora não se assuma como poeta, dedica-se intensamente a explorar a prosa-poética como instrumento de intervenção social.

“Estrada sem asfalto” é a sua segunda obra poética a ser publicada.

Este é o 25.ᵒ livro nacional editado pela Alcance Editores neste ano de 2013 em que a editora completa seis anos.