Uma alcateia de leões está a semear terror no povoado de Homuane, Posto Administrativo de Mapulanguene, distrito de Magude, província de Maputo. Na calada da noite, os leões atacam currais e devoram gado; cabritos e ovelhas. Além de leões, há relatos de outros tipos de animais selvagens que atacam currais, como, por exemplo, as hienas.
Criadores ouvidos pelo Canalmoz esta quarta-feira em Mapulanguene narram, na primeira pessoa, o que passam. Homens e mulheres pernoitam nos currais, e com ajuda de cães e fogo tentam afugentar os felinos, mas às vezes sem sucesso porque os leões andam em grupo.
Amosse Moiane, 68 anos, contou que vivia em Homuane, mas agora reside em Mapulanguene por causa de leões. Disse que a sua criação continua ainda em Homuane. Conta que este ano já perdeu 9 cabeças e 10 cabritos por ataque de felinos.
“Não sabemos o que está a acontecer. Os leões vêm do lado do Parque. Por medo, acabei fugindo de Homuane para Mapulanguene, mas a minha criação continua aqui”, disse.
Moiane, outro criador de gado, não sabe dizer quantas cabeças tem. “Tenho muita cabeça. Por cada uma das minhas filhas lobolada recebi 10 cabeças. Estas cabeças estão a reproduzir até hoje. São muitas.”
Por seu turno, Paulo Ndlovu, 63 anos, disse que conta com uma manada de 260 cabeças de gado bovino. Não sabe quantas cabritos e ovelhas possui, mas diz que são mais de 100. Disse que na semana passada, os leões atacaram, por duas vezes, a sua manada. Uma vez foi de dia, durante o pasto. A outra foi no período nocturno no curral. No total, três cabeças foram devoradas na semana passada”.
“Desde o ano passado até agora perdi mais de 20 cabeças de gado, trinta cabritos e mais de 10 ovelhas. Os leões invadem a rede da zona de Chicucuza e vêm até aqui atacar os nossos currais”, lamentou.
Ndlovu contou que de 1983 a 1993 esteve refugiado na vizinha África do Sul com a sua família. Com dinheiro conseguido na “terra do rand” voltou depois do conflito armado e começou a criar gado que hoje está a ser devorado.
“Dormimos nos currais para controlar as nossas cabeças”, disse.
Já Carmona Muzimba, 71 anos, diz que no mês passado perdeu quatro cabeças de gado, nove ovelhas e 97 cabritos. Explicou que cansado de ataques de leões na calada da noite, decidiu montar armadilhas em redor do seu curral e como resultado disso já matou três leões e uma hiena.
“Já matei três leões que queriam atacar o meu curral. Na semana passada matei uma hiena que vinha atacar cabritos”, acrescentou.
Diz que os leões quando chegam no seu curral dividem-se em dois grupos. Um grupo aproxima-se do curral e afugenta, e o outro ataca quando o gado sai em debandada do curral.
Ainda na tarde desta quarta-feira, quando a Reportagem do Canalmoz ainda estava no terreno, um criador de nome Amosse Moaine reclamou mais um ataque de leões. O gado voltava da represa de Homuane, onde bebe água.
O povoado de Homuane dista cerca de 125 quilómetros da vila-sede do distrito de Magude e 25 quilómetros da sede do posto de Mapulanguene. De Homuane a Chicucuza, na zona onde passa a “rede” do Parque Transfronteiriço de Kruger, são cerca de 15 quilómetros.