A polícia recusou-se a transportar oito arguidos que estão a ser julgados num caso de raptos em Maputo, provocando o adiamento das audiências marcadas para hoje e segunda-feira, informou o juiz responsável do caso.
Durante a audiência realizada na quinta-feira, o juiz Adérito Malhope anunciou o adiamento das sessões desta sexta-feira e de segunda-feira, porque um oficial do comando da polícia da cidade de Maputo comunicou ao tribunal que a corporação não iria levar os arguidos ao julgamento.
Segundo Malhope, a polícia informou sobre a decisão, após o tribunal ordenar a transferência dos oito réus das celas do comando da polícia da cidade de Maputo para a cadeia de máxima segurança da Machava, vulgo BO, nos arredores da capital moçambicana.
Apesar de ser considerada ilegal a reclusão de prisioneiros por muito tempo nas celas do comando da polícia em Maputo, a corporação tem mantido sob custódia, nas suas instalações, alguns prisioneiros, por considerar que têm menos facilidades de fuga e de comunicação com o exterior.
De acordo com o juiz, o comando da polícia da cidade de Maputo diz que os oito arguidos já não podem ser escoltados pelo Grupo de Operações Especiais (GOE), que a corporação criou para combater a onda de raptos em Maputo, porque a responsabilidade pelo transporte passou para a BO.
A recusa da polícia de transportar os oito arguidos é mais um revés no processo, uma vez que o juiz já havia reclamado da falta de cooperação das vítimas dos raptos em julgamento, aparentemente por temerem represálias, uma vez que entre os suspeitos estão três agentes da polícia, incluindo um que estava colocado na Casa Militar, a unidade da polícia que garante a segurança do chefe de Estado moçambicano.
O julgamento dos oito arguidos é o segundo relacionado com a onda de raptos que tem assolado as cidades moçambicanas nos últimos anos, uma vez que outros quatro estão a ser julgados noutro processo, que entrou já para a fase das alegações finais.