O Gabinete Provincial de Combate e Prevenção às Drogas na província de Maputo está a promover palestras nas escolas como forma de prevenir o primeiro contacto da droga nas crianças. Na última sexta-feira, uma equipa conjunta do Gabinete de Combate e Prevenção às Drogas, Direcção Provincial da Acção Social e Procuradoria-Geral da República, escalou a Escola Secundária de Massaca, no distrito de Boane para esta actividade.
Segundo apurou o Canalmoz, nesta escola existem alunos que fumam cigarros, cannabis sativa (soruma) e consomem bebidas espirituais. A procuradoria não entrou em detalhes, mas confirma a existência de focos de droga na província de Maputo. Avançou que já foram destruídas machambas de soruma. E a droga foi incinerada.
Sabe-se também que no mês passado foram desmanteladas redes de produção de cocaína e haxixe na província de Maputo. Existem arguidos presos, outros em julgamento em conexão com esta matéria.
Alunos ouvidos pelo Canalmoz em Massaca disseram que há três anos que certos colegas apresentam-se bêbados ou drogados. “No ano passado tínhamos um colega que sempre trazia uma bebida de marca El Salvador. Nos intervalos, tirava a garrafa da pasta e bebia”, contou um estudante.
Acrescentaram que esse mesmo estudante acabou sendo dado um ultimato pelo director pedagógico, mas nunca acatou, pois o jovem continua apresentar-se bêbado na escola.
“Há um estudante da 9ª classe turma C, que todas as segundas-feiras, aparece grosso na escola e drogado”, denunciaram os alunos.
Director da escola confirma três casos
O director da Escola Secundária de Massaca, José Cossa, confirmou a existência de casos de consumo de drogas. Um de uma aluna que fumava cannabis sativa e outro estudante que vive no bairro dos Combatentes que vinha todos os dias bêbado. Outro de Mafuiane que vinha drogado todos os dias.
“A aluna foi apanhada com soruma na aula de educação física. Desapareceu da escola. Também tivemos um caso de aluno de Mafuiane drogado e outro que vinha bêbado do bairro dos Combatentes”, disse.
Acção Social assiste alunos drogados
A Direcção Provincial de Acção Social de Maputo tem atendido casos de crianças com idades que variam entre 12 e 18 anos, com sinais de consumo de drogas.
Olinda Sidumo, que presta apoio psicossocial aos menores que a sua instituição atende, disse que semanalmente recebe cinco estudantes.
“Na Matola hã crianças menores de 18 anos drogadas. Também, temos recebido queixas de famílias que já não encontram soluções para com os seus parentes”, disse.
Disse que a maior parte das crianças atendidas são provenientes de Matola “A” e “F”.
Droga não se experimenta
Lourenço Cumbe, do Gabinete Provincial de Combate e Prevenção às Drogas de Maputo, começou por explicar aos estudantes de Massaca a diferença entre as drogas lícitas e ilícitas. Disse que as drogas lícitas, a sua venda e consumo não é proibida, enquanto as ilícitas, a sua venda e consumo é proibida.
“Enquanto não experimentar álcool e cigarro, é sempre melhor. As drogas têm as suas consequências sociais, psicológicas e biológicas. Alguém que se torna viciado, leva muito tempo para deixar”, disse, Cumbe sublinhando que sustentar um vício custa muito dinheiro.
Repisou perante os estudantes que tudo que é droga não se experimenta.
Isabel Silvestre, estudante, pediu palavra para questionar se o cigarro e bebida são drogas prejudiciais, porque é que o Governo não manda fechar as respectivas fábricas e banir a sua venda? Em resposta, Cumbe disse que estas drogas garantem emprego a muitos moçambicanos, além de dar receitas ao próprio Estado.
“O cigarro é uma droga lícita e aceite nas comunidades. A comercialização é permitida, mas é prejudicial à saúde”, explicou.