Igualmente, segundo dados apurados pela nossa Reportagem, o MISAU, que mandatou Luísa Panguene, uma das suas directoras nacionais para comunicar a decisão ministerial a todos funcionários num encontro havido na manhã de ontem nas instalações do CRDS, ordenou a transferência imediata de pelo menos 20 funcionários tidos como supostos instigadores dos protestos contra a liderança de Judite Madeira. Assim, este grupo de funcionários transferidos deverá apresentar-se hoje no ministério para receberem guias de marcha para se apresentarem nos seus novos postos de trabalho.
Entretanto, contactado pela nossa fonte, Martinho Djedje, director nacional dos Recursos Humanos do MISAU, este não quis se pronunciar sobre o assunto. Aliás, na última greve levada a cabo pelos funcionários e que deu lugar a trabalhos de averiguação das denúncias dos queixosos Djedje já tinha manifestado a intenção de não comentar nada a este respeito, por julgar que o assunto é de fórum interno.
Ao que apurámos, os 20 funcionários transferidos são acusados pelo MISAU de terem falado à imprensa e de terem contado todos os problemas com que o CRDS vinha se deparando com a gestão anterior. Assim, como medida de punição, os mesmos vão transferidos, na sua maioria motoristas, agentes de serviço e pessoal de copa. Para os seus lugares foram já admitidos novos funcionários que hoje iniciam funções.
Em Março último os funcionários paralisaram temporariamente a actividade laboral em protesto a alegados maus tratos protagonizados pela Direcção. Entre muitas queixas, apontavam insultos, falta de diálogo entre a chefia e a massa laboral, corte de alguns benefícios sociais desde que a Direcção em causa foi nomeada e ameaças de demissão em caso de reclamação dos direitos dos trabalhadores.
Esta não era a primeira vez que protestos idênticos tinham lugar, isto desde que a directora demitida ascendeu ao poder, há sensivelmente cinco anos. Das queixas constava ainda o facto de Judite Madeira ter ordenado o corte do direito a chá, café e sopa mas manteve estes benefícios para ela e alguns funcionários a si ligados.
Sabe-se que inquietações dos trabalhadores do CRDS não são de hoje. Há dois anos aqueles funcionários escreveram cartas anónimas para os órgãos de informação onde, entre outros assuntos, denunciavam desvio de fundos da instituição e acusavam a directora Judite Madeira de ter transformado o CRDS em propriedade privada. No mesmo ano o MISAU respondeu enviando uma equipa de inspecção para averiguar os alegados roubos, desvio de fundos e gestão não transparente do CRDS.
Depois da inspecção, segundo os trabalhadores, nada mudou e ninguém os informou sobre o relatório da inspecção.
Jornal Noticias