Tal pedido foi expresso, há dias, pelo Director Municipal da Saúde, Jorge Fernandes, no decurso da cerimónia de lançamento da primeira pedra para a construção do Hospital Central de Quelimane, o primeiro do género desde a proclamação da independência nacional naquele ponto do país.
Apesar de reconhecer os avanços significativos que se registam na prestação daqueles serviços sob gestão do Governo central, disse haver toda necessidade de transferir aquelas áreas à administração directa das autoridades municipais, para que os seus planos concebidos para resolver os problemas locais sejam concretizados.
Uma das áreas de maior preocupação das autoridades municipais de Quelimane, de acordo com Jorge Fernandes, tem a ver com maior incidência da taxa de mortalidade materno-infantil decorrente da eclosão de doenças endémicas e de origem hídrica, nomeadamente diarreias e cólera, devido à degradação das condições de higiene e saneamento do meio nos bairros urbanos e suburbanos. A propósito, o director municipal de Saúde revelou que, em resultado daquele facto, pelo menos 40 crianças morrem em cada mil nascimentos.
Sem, no entanto, indicar acções concretas constantes dos planos concebidos pela edilidade para resolver os problemas locais, aquele responsável municipal disse haver uma grande preocupação de travar aquelas mortes visto que as principais vítimas são crianças menores de cinco anos de idade.
Outro aspecto referido pelo director municipal da Saúde tem a ver com o preocupante quadro nutricional. Dados avançados indicam que crianças que estão na faixa etária entre um e cinco anos de idade enfrentam problemas nutricionais crónicos, cuja redução ou mesmo solução passa por políticas públicas e sociais mais audazes.
Entretanto, o governo provincial da Zambézia, reunido há dias em Quelimane, apontou a urbe como sendo uma das que apresenta elevados casos de doenças de origem hídrica. A Directora Provincial da Saúde, Luísa Cumba, disse que porque a água consumida na maior parte dos bairros da cidade, e não só, está contaminada, urge o lançamento de uma campanha de descontaminação das fontes do precioso líquido para evitar a ocorrência de mais casos daquelas enfermidades.
Os bairros Torrane Velho e Novo, Kansa, Manhaua, Mapiazua, Brandão, 1º de Maio, 17 de Setembro, Administrativo e Coalane são os que se apresentam com graves problemas de degradação das condições ambientais na cidade de Quelimane. Quando chove, por exemplo, o cenário fica mais complicado, pois as águas ficam muito tempo por serem escoadas, o que cria condições para a reprodução de mosquitos, principais vectores e propagadores da malária, e a eclosão de doenças diarreicas.
As autoridades sanitárias têm vindo a realizar acções de pulverização intradomiciliária e de distribuição de redes mosquiteiras. No entanto, tais intervenções visando a prevenção da malária não têm surtido efeitos desejados, pois algumas famílias alegam que, no lugar de prevenir, as pulverizações contribuem para a multiplicação de mosquitos para além de as redes serem inconsistentes.
Alegam que as redes mosquiteiras que são comercializadas na cidade de Quelimane apresentam alguns furos que facilitam a penetração de mosquitos, uma situação que é agravada pelo facto de não existir uma entidade responsável pela defesa dos consumidores onde os munícipes se possam queixar.
RM