Centenas de pessoas idas da África do Sul, da Matola-Rio e dos municípios da Matola e Maputo acompanharam desde as primeiras horas ao início da tarde de sábado a dolorosa cerimónia fúnebre do jovem taxista Emídio Macia assassinado pela Polícia sul-africana nos arredores de Joanesburgo a 27 de Fevereiro.
Ainda traumatizados pela brutalidade policial de algemar a vítima ao pára-choques de uma viatura e arrasta-la no asfalto por cerca de 400 metros ante o olhar impotente de inúmeros citadinos, um mar de gente juntou-se à família Macia no último adeus àquele que constitui o exemplo mais fresco da desumanidade com a qual os moçambicanos são tratados na África do Sul.
O ambiente vinha sendo de dor naquela família e na zona de Matola-Rio, em particular, desde que chegaram, através da televisão, as imagens da cena do crime, mas avivou-se mais, cerca das 7 horas de sábado, quando finalmente chegou o cortejo fúnebre que partira da África do Sul na noite de sexta-feira.
Choros e gritos tomaram conta das centenas de pessoas, principalmente os familiares directos, que aguardavam desde a noite anterior a chegada da urna com os restos mortais do taxista. Nem os cânticos religiosos que se entoavam foram suficientes para abafar os prantos.
Seguiu-se um curto velório dos familiares, enquanto os demais presentes seguia para a Escola Nelson Mandela onde juntamente com representantes de diversas instituições do Estado e não só, destacando-se a Governadora da província de Maputo, ministros e deputados, prestaram a última homenagem ao jovem.
Contrariamente à outros funerais, assistidos por familiares e pessoas conhecidas, o de Emídio Macia contou com a presença de gente que nunca o tendo conhecido em vida foram mobilizados para a cerimónia pela violência, brutalidade e desumanidade que culminou com a sua morte a 27 de Fevereiro último numa cela da Polícia em Daveyton, arredores da capital económica da África do Sul.
A cerimónia fúnebre daquele jovem, tratada conjuntamente pelos governos dos dois países, teve três momentos destacáveis, nomeadamente a chegada do cortejo à residência dos pais, na Matola-Rio, o velório e o enterro no Cemitério de Texlom, ditando restrições de tráfego rodoviário no trajecto daqueles pontos.
No caso da Estrada Nacional número quatro (EN4), o tráfego esteve fechado na faixa junto ao cemitério entre a zona do quartel e o desvio para Mozal desde pouco antes das 11 até quase 12:30h, quando terminou o enterro.