Na altura a nossa reportagem encontrava-se numa entrevistada com a Chefe do Posto administrativo, Filomena Daniel Chabo, que foi alertada do facto e pediu que os seus colaboradores agissem em conformidade.
Tempos depois, com a nossa Reportagem já no recinto hospitalar, os agitadores mobilizaram mais pessoas que tornaram o grupo ainda mais numeroso, o que levou a que a polícia local interviesse, antes que o pior viesse, pois a intenção principal era atingir a residência dos funcionários da saúde, que vivem no próprio recinto da unidade sanitária.
O número cada vez crescente de pessoas levou a que a polícia pedisse um reforço da capital provincial, Pemba, sita a 13 quilómetros, que prontamente se fez presente, na mesma altura em que a nossa reportagem se retirava do local. Não obtivemos mais desenvolvimentos, ate ao fim da tarde.
Porém, já se punha a hipótese de os cabecilhas serem responsabilizados exemplarmente, se bem que, num meio minúsculo como é a vila de Murrébuè, todos conheciam-nos pelos nomes e respectivas casas.
As diarreias e vómitos, segundo o técnico de saúde ali afecto, que a circunstancia só nos permitiu conhece-lo pelo único nome de Simão, estão no principio e o centro tinha à altura dos acontecimentos, um único doente, vindo duma aldeia nas cercanias da sede do posto administrativo.
O governador provincial, Eliseu Machava, durante o ano passado já fez passar a mensagem de que indivíduos que possam ser apanhados a disseminarem mensagens de desinformação, sobre as verdadeiras causas das doenças, incluindo a cólera, teriam que ser responsabilizados de forma severa, por estarem a praticar um claro crime contra a vida das pessoas que podem, mesmo assim, ser curadas.
Na província de Cabo Delgado, ano-a-ano, principalmente em momentos de eclosão da epidemia das diarreias e vómitos ou a cólera, devido às precárias condições de saneamento do meio, sobretudo em períodos chuvosos, surgem, invariavelmente, indivíduos que passam a mensagem, cujos fins não são claros, de que as doenças são trazidas pelo governo, o que leva à revolta popular.
O fenómeno ocorre, grosso modo, nos distritos do centro-sul ou costa litorânea da província, nomeadamente, Meluco, Ancuabe, cidade de Pemba, Mecúfi, Metuge, Chiúre, Balama, Namuno e Montepuez, bem assim, Mocímboa da Praia, Quissanga, que coincide serem regiões onde as condições de saneamento de meio não são de desejar, contrariamente aos distritos do planalto, onde se situam, Muidumbe, Mueda e Nangade.
Num outro desenvolvimento, na cidade de Pemba, subiu para 3 a média diária de casos de diarreias que estão a dar entrada no Centro de Tratamento daquela doença, o que faz recear que nos próximos dias os números possam aumentar. Ontem, o número de doentes internados ate ao meio-dia, era de 35 pacientes, fazendo um cumulativo de 150 doentes, desde a eclosão do surto, em princípio de Janeiro corrente.