“Nós os operadores de madeira estamos de acordo com a medida mas em contrapartida estamos decepcionados pelos administradores distritais que levam dezenas de meses com os processos guardados nos seus gabinetes para darem o parecer” – referiu a maioria dos operadores nas suas intervenções.
Aqueles agentes acrescentaram que esta morosidade cria grandes transtornos na vida dos madeireiros porque passam a vida inteira atrás do despacho do administrador deixando de executar outras actividades para o bem do projecto e da sociedade comunitária.
“O processo em si já é longo, pois tem muitos caminhos por onde deve passar, já que depois do parecer do administrador vai-se fazer consultas às comunidades abrangidas até chegar ao despacho do governador ou do ministro de Agricultura. Toda esta burocracia complica as nossas actividades” – apontaram, agastados, os madeireiros.
Entretanto, o director provincial de Agricultura em Tete, Américo da Conceição, reconheceu o facto e disse que medidas correctivas serão tomadas o mais rapidamente possível, de modo a flexibilizar o processo.
“Eu vou trabalhar com os administradores para encontramos uma saída benéfica para ambas partes, pois a nossa intenção é de facto acelerarmos o processo de concessões florestais porque só assim é que vamos, de facto, punir os operadores de madeira desonestos na província, assim como no país em geral” – disse Américo da Conceição.
No encontro, os madeireiros foram detalhadamente explicados sobre a política de concessão florestal onde cada operador está autorizado a ter um contrato válido por 50 anos renováveis, sendo que a produção se destina prioritariamente ao abastecimento à indústria madeireira nacional, mediante um plano de maneio previamente aprovado.
De 2001 a 2011, foram no país autorizadas 179 concessões florestais, que ocupam uma área de cerca de seis milhões de hectares, ou seja, 26 porcento da área florestal produtiva em todo o território moçambicano e renderam ao Estado no ano passado pelas taxas de exploração florestal mais de 19.200 mil meticais e em impostos um pouco mais de 6.900 mil meticais.
As concessões florestais empregam uma mão-de-obra de 295 trabalhadores, dos quais quatro são estrangeiros.
Entretanto, de acordo com Cadre Zacarias, chefe dos Serviços de Florestas e Fauna Bravia na direcção de Agricultura em Tete, após a conclusão da exploração florestal num bloco, tomam-se medidas de mitigação que consistem na gradagem dos solos e fechos dos sulcos, com vista a rápida reposição da floresta destruída.
“De acordo com o plano de maneio de cada concessão, 30 por cento das melhores árvores com diâmetros superiores aos mínimos estipulados destinam-se a produção e conservação de sementes, onde depois as mudas são transportadas para os locais de plantio dentro da concessão florestal” – concluiu Cadre Zacarias.