A nossa Reportagem, que esteve há dias em Namarrói, confirmou junto das autoridades governamentais locais os descontos que estão a ocorrer desde Maio deste ano depois de uma negociação havida entre o Conselho Consultivo Distrital dirigido pelo administrador local e os funcionários visados.
Há informações que em quase todos os distritos os maiores beneficiários são funcionários do Estado ou comerciantes que movimentam grandes somas de dinheiro. Todavia, este é pelo menos o primeiro caso em que um administrador toma uma “medida cirúrgica” ao exigir que funcionários do Estado que devolvam o dinheiro que pediram emprestado. Questionado se para além disso haveriam medidas administrativas, uma vez que, o fundo é destinado aos pobres e não aos funcionários do Estado, Rui Caminho disse que neste momento o mais importante é recuperar o dinheiro do erário público para que seja canalizado preferencialmente a cidadãos pobres para aumentarem suas rendas através da produção de comida, comercialização e pequenos projectos sustentáveis, que também podem contribuir para o crescimento do distrito.
Rui Caminho afirmou que há neste momento muitos cereais na posse dos produtores agrícolas quer do sector familiar, quer associativo mas não estão a ser escoados por falta de capacidade financeira de pessoas que possam intervir na comercialização. “É esse dinheiro que tem que ir para essas pessoas e não para os funcionários do Estado; estes têm salários e pretendem aumentar suas rendas que recorram aos bancos comerciais e é legítimo; esse dinheiro, como tem dito o Chefe do Estado é para a população pobre que precisa de melhorar a sua renda”, disse Rui Caminho para depois acrescentar que com os descontos através da retenção na fonte foi possível recuperar 90 mil meticais de um total de 400 mil meticais que estavam em dívida.
Entretanto, a nossa Reportagem soube igualmente que os beneficiários destes fundos no lugar de implementarem os seus projectos a nível local acabaram executando actividades nos distritos de Ile, Mocuba e Inhassunge. Confrontado com esta realidade, Rui Caminho afirmou que isso aconteceu antes de chegar a Namarrói e uma das medidas que tomou é afixar as listas de cada grupo de mutuários em todas sedes das localidades e postos administrativos para os residentes locais conheçam os beneficiários por uma questão de transparência.
Aquele dirigente disse que para intensificar mais o processo de cobrança dos reembolsos foram criados este ano oito comités de cobrança ao nível da base, esperando que até ao final deste ano se formem trinta e duas comissões de cobranças aos mutuários que não estão a honrar com os compromissos.
O distrito de Namarrói recebeu este ano um montante de 11.141.000 meticais para o financiamento de projectos no âmbito do Fundo Distrital de Desenvolvimento. Com aquele valor estão a ser financiados 230 projectos submetidos ao Conselho Consultivo Distrital e foi adquirido um tractor para apoiar na mecanização agrícola. Do número total de projectos aprovados 136 são de geração de renda, dos quais 52 para projectos de homens e 23 mulheres e outros para a produção de comida.