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Guebuza elogia líder da Renamo por contribuir para manutenção da paz há 20 anos

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O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, elogiou quinta-feira, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, principal partido da oposição,”pela forma como tem contribuído para a consolidação da paz em Moçambique”, um país que a ONU qualifica como “maduro”.

Discursando na cerimónia central dos 20 anos de paz, o chefe de Estado moçambicano qualificou o líder da Renamo um “parceiro dos acordos de Roma”, após  16 anos de conflito armado, que ceifou um milhão de vidas e forçou cerca de quatro milhões a refugiarem-se nos países vizinhos.

“Queremos saudar também o senhor Afonso Dhlakama, líder da Renamo, pela forma como tem contribuído para a consolidação da paz em Moçambique. Ele tem dado a sua contribuição como parceiro dos acordos de Roma, reafirmando perante os membros do seu partido, perante toda a sociedade moçambicana e ao mundo que o conflito armado é contrário ao progresso, à democracia
multipartidária e ao futuro melhor que queremos para nós e para as gerações vindouras”, disse Armando Guebuza.

O país assinalou quinta-feira o 20º aniversário do Acordo Geral de Paz rubricado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), actualmente o maior partido da oposição moçambicana.
 
O acordo de paz foi assinado na capital italiana, Roma, por Joaquim Chissano e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, sob a égide do Governo italiano, da Comunidade de Sant’Egídio e de confissões religiosas moçambicanas.

Em declarações à agência Lusa, a representante das Nações Unidas em Moçambique, Jennifer Topping, considerou, à margem das celebrações da efeméride, que o país “tem muita maturidade em termos de paz”, mas defendeu o diálogo permanente entre o governo e os partidos da oposição.

“Há poucos países no mundo que saíram de uma guerra prolongada que conseguiram sustentar, criar e construir a paz durante 20 anos. Este Moçambique tem muita maturidade em termos de paz”, disse Jennifer Topping.

O processo de pacificação do país, que culminou com a introdução do multipartidarismo, teve apoio da ONU, que contribuiu na estabilização de Moçambique até 1994, ano da realização das primeiras eleições  presidenciais e legislativas.

Duas décadas depois do Acordo Geral de Paz, o líder da Renamo continua, no entanto, a denunciar a falta de diálogo e a violação de alguns pontos do memorando rubricado em 1992, nomeadamente a integração dos seus homens na polícia.
 
“Em qualquer sítio, o diálogo é central para ultrapassar os diferendos. Foi isso que ouvimos muitas vezes hoje. (…)Espero que o diálogo continue entre os vários partidos. No parlamento continua, é um  fórum para o diálogo. Então, este pode ser cada vez mais forte. Temos um programa de apoio ao parlamento exactamente para isso”, afirmou Jennifer Topping, quando questionada pela Lusa sobre as reclamações de Afonso Dhlakama, que festejou o dia em Quelimane, no centro do país.

Nas cerimónias na Praça da Paz, na capital Maputo, Armando Guebuza, saudou os moçambicanos de forma inédita pelo dia de reconciliação nacional.
 
“Viva a paz, olá paz, olá paz”, disse, ao que os presentes responderam: “olá  paz”.