“Na pior das hipóteses, são obrigados a percorrer 400 quilómetros até Pemba para as mesmas necessidades”, lamentou Mobiro Namivo, presidente do Conselho Municipal de Mueda, falando há dias dos problemas da falta de instituições bancárias naquela região “berço” da luta armada de libertação de Moçambique por ter sido onde oficialmente se disparou o primeiro tiro no levantamento militar contra a dominação colonial portuguesa sobre o país, em 25 de Setembro de 1962.
Falando durante o IV Fórum Empresarial da Matola sobre investimento, Namivo aproveitou a presença na sala do encontro do vice-governador do Banco de Moçambique, António Pinto de Abreu, para questionar se há algum plano das instituições financeiras activas no país de alargar o seu campo de acção para Mueda, “pois o que estamos a viver é inquietante”.
Falta de infra-estruturas
Em resposta, Pinto de Abreu disse que a situação derivava da falta de infra-estruturas adequadas para abertura de balcões, ou seja, de estradas, meios de comunicação e energia para expansão das instituições bancárias por todo o país.
“A bancarização do país depende das infra-estruturas”, vincou Pinto de Abreu, para, em seguida, apontar que a cidade de Pemba e o distrito de Palma são regiões de Cabo Delgado que concentram mais balcões dos bancos comerciais devido ao surgimento de muitos investimentos na área dos hidrocarbonetos.
Situação real
Apenas quatro dos 16 distritos da província de Cabo Delgado possuem balcões de bancos comerciais, segundo dados actualizados em Setembro de 2012 pelo Banco de Moçambique.
Os mesmos dados indicam que o país possui 470 balcões de bancos que cobrem todas as cidades capitais, municípios e 58 dos 128 distritos.
Frisa-se, entretanto, que o IV Fórum Empresarial do Município da Matola teve a participação de membros do Governo, alguns presidentes de municípios e agentes económicos da África do Sul, Suazilândia e de Portugal.