Até semana passada, 878 moçambicanos detidos por imigração ilegal em diversos pontos da África do Sul, continuavam retidos no Centro de Trânsito de Lindela, próximo de Joanesburgo, à espera do dia e hora para ser repatriados. O último grupo de imigrantes ilegais, em número de 111, foi entregue às autoridades moçambicanas a 23 de Agosto passado.
Afinal, segundo Damasco Mathe, a saída ilegal de moçambicanos para a África do Sul continua a ser fonte de preocupação para as autoridades diplomáticas de ambos países, uma vez que são muitos os moçambicanos que ainda acreditam que a solução para os seus problemas está do outro lado da fronteira.
“A emigração ilegal de moçambicanos continua. As detenções e operações de repatriamento também continuam. O que na verdade mudou são os procedimentos, porque agora não há a mesma regularidade que havia no passado…”, explica Mathe.
No passado, segundo a fonte, as operações ocorriam com regularidade porque as autoridades sul-africanas tinham contrato com um transportador que evacuava os repatriados desde o centro de Lindela até à fronteira de Ressano Garcia, a partir de onde ficavam ao cuidado das autoridades moçambicanas.
Actualmente, ainda de acordo com Mathe, as autoridades sul-africanas já não têm contrato com nenhum transportador, além de que, havendo, o mesmo deve ser seleccionado em concurso público cujo lançamento depende da disponibilidade de fundos para custear as despesas inerentes.
“O que sentimos que é preciso intensificar e garantir maior eficácia na sensibilização dos cidadãos para que percebam que a África do Sul não é mais o Eldorado que alguma vez foi para os moçambicanos. As coisas aqui também estão muito difíceis. Muitas vezes a pessoa pode vir aqui e sujeitar-se a condições bem piores do que aquelas por que passaria se estivesse em Moçambique, na sua terra”, disse.
Para ilustrar esta realidade, a nossa fonte referiu-se aos elevados índices de desemprego que se registam naquele país. Segundo ele, perante tal situação, as autoridades sul- africanas procuram, sempre, proteger os seus cidadãos quando se trata de prover vagas no mercado de emprego.
“Mesmo ao nível do sector mineiro, onde o trabalho dos moçambicanos é regulado através de um acordo, a situação não está nada boa. Repare, por exemplo, que se algum moçambicano atinge a reforma já não é mais substituído pelo seu filho ou familiar directo, como era no passado. Agora a lei impõe que a vaga seja ocupada por um sul-africano. Nalgum momento isso gera desconforto porque as próprias companhias têm um fraco pelos moçambicanos e isso acaba propiciando choques com os locais, que julgam que os seus empregos estão a ser usurpados por estrangeiros, no caso por moçambicanos”, explica o diplomata.