“Há um perigo eminente e, um dia, essas águas profundas poderão deixar de existir, por causa dos solos que se vão acumulando no canal de acesso e no próprio porto”, realçou o edil de Nacala-Porto.
Ossufo afirmou ser necessário “fazer algo para evitar que isso aconteça”, sugerindo que nos próximos tempos, 50 porcento do orçamento do município seja destinado as acções de combate à erosão.
Actualmente, cerca de 40 porcento do orçamento municipal é direccionado para o combate à erosão, o que, para o autarca, se revela insuficiente, “face à gravidade da situação, que exige uma solução imediata”.
Segundo o dirigente, a erosão foi agravada pela construção de habitações em zonas proibidas, “ e esta situação deveu-se à antiga direcção (do município) que permitiu que mesmo em locais onde foram colocados letreiros proibindo a construção de habitações, as pessoas foram autorizadas a irem para lá viver”.
“As pessoas estão a fixar-se cada vez mais nesses locais proibidos; é justamente isso que está a criar problemas de erosão, e eu penso que se não houver uma solução imediata, a situação vai perigar aquilo que é o nosso porto de águas profundas”, destacou Chale Ossufo.
Referiu que o município possui material para mitigar os efeitos da erosão, incluindo gabiões adquiridos na África do Sul, “mas a fixação das pessoas em zonas proibidas está a dificultar o trabalho”.
Refira-se que o porto de Nacala, devido à profundidade das suas águas, apresenta condições excepcionais de navegabilidade, o que permite a entrada e saída de navios sem limitação de calado, 24 horas por dia, características que conferem a classificação de maior porto natural de águas profundas da costa oriental de África.
O Governo de Moçambique, com o apoio de parceiros, tem em carteira diversos projectos de expansão do porto, para fazer face a iniciativas de companhias mineiras que exploram o carvão mineral de Moatize, na província central de Tete.
Entre os projectos, destaca-se o da construção da base de acostagem de navios de grande calado em melhores condições de segurança, fundamentalmente para o escoamento de carvão, o que requer a edi- ficação de uma plataforma de carga de 30 metros dentro do mar.