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Mais de 50% da população idosa no país é marginalizada nas suas famílias

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Mais de 50% da população idosa no país é marginalizada nas suas famílias. A evidência disso é a ocorrência, em muitas famílias, de vários casos de negligência, falta de respeito, intimidação, violência física. Muitas vezes tudo acaba em expulsão do seio da família e da comunidade, e com confiscação e destruição dos seus bens móveis e imóveis, e até assassinatos, segundo informações reveladas na última sexta-feira no Fórum da Terceira Idade (FTI).

Tendo em conta esta situação, o Fórum da Terceira Idade (FTI) em representação dos idosos moçambicanos diz estar agastado e decepcionado com a sociedade. Alegam o facto dos idosos serem ignorados, sem a atenção que merece.

Essas queixas foram pronunciadas por Conde Fernandes, coordenador do Fórum da Terceira Idade (FTI), falando à Imprensa na sexta-feira última.
Fernandes caracterizou de “penosa e crítica” a actual situação de vida dos idosos em Moçambique, alegando o facto de as autoridades governamentais e a sociedade no geral não estarem a dar devido valor aos idosos.

Conde Fernandes acredita que o Governo é a principal “chave” para salvar a situação de discriminação a que os idosos estão a ser submetidos. Ele diz que o Estado através de introdução de Leis rigorosas que protegem os direitos dos idosos, pode salvar os cidadãos da terceira idade do que estão a ser vítimas.

Lei de Protecção dos Idosos com lacunas

Segundo Fernandes a proposta da Lei de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas Idosas, mesmo que seja aprovada não resolverá os problemas dos idosos porque apresenta muitas lacunas, sobretudo nos aspectos relacionados com saúde, educação, integração social no seio da família.
A proposta de Lei só dá primazia à questão de alimentação, ignorando desse modo outros aspectos considerados relevantes.

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Criticando a proposta de Lei que está a ser elaborado com a parceria do Ministério da Mulher e Acção Social, Fernandes disse que a questão de alimentação que é muito valorizada nesta proposta de lei é só uma necessidade ínfima dentro dos vários problemas vividos pelos idosos.
“O que mais nos preocupa não é falta de alimentação, mas, sim, o reconhecimento pela sociedade e pelo Governo, que somos pessoas que merecemos respeito e temos também nossos direitos”, alega Conde Fernandes, coordenador do Fórum da Terceira Idade (FTI).

Feitiçaria

A acusação de feitiçaria constitui uma das principais preocupações para os idosos, sobretudo porque muitos deles são obrigados a abandonar suas famílias ou perder seus bens devido às acusações. O agravante é que em muitos casos isso termina em agressões físicas aos idosos, recordou.

Ainda segundo o coordenador do Fórum da Terceira Idade (FTI), mesmo sem revelar dados concretos, tem vindo a crescer número de idosos que são obrigados a abandonar suas famílias acusados de feitiçaria. Este factor justifica o elevado índice de idosos que aderem à mendicidade, como forma de buscarem refúgio e auto-sustento, opinou.

Governo faz pouco para defender os idosos

Por sua vez, Manuel Culembe, presidente do Conselho de Direcção da Plataforma da Sociedade Civil para a proteção de pessoas idosas, reconheceu que o Governo tem feito muito pouco para defender os idosos.
A fonte defende que é altura do Governo assumir a sua responsabilidade, acelerando a aprovação e implementação da proposta de lei de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas Idosas.