Um número alarmante de pessoas em África pode estar a consumir medicamentos contra o cancro de baixa qualidade ou falsificados, que não contêm os ingredientes essenciais para o tratamento eficaz da doença.
Esta conclusão resulta de uma investigação realizada por uma equipa norte-americana e pan-africana, recentemente publicada na revista The Lancet Global Health. Os investigadores recolheram dados sobre as dosagens em 12 hospitais e 25 farmácias situadas na Etiópia, Quénia, Malawi e Camarões.
Lutz Heide, farmacêutico da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e especialista em medicamentos de baixa qualidade e falsificados, afirma que os resultados não são surpreendentes, mas expressou satisfação pela publicação de um relatório tão sistemático sobre medicamentos anticancerígenos. Segundo Heide, trata-se do primeiro estudo realmente significativo nesta área envolvendo quatro países africanos.
Os dados revelaram que alguns dos medicamentos analisados continham apenas 20% a 30% da quantidade do ingrediente farmacêutico activo indicada no rótulo, o que compromete a eficácia dos tratamentos. A investigação testou cerca de 200 produtos de várias marcas e constatou que aproximadamente 17% deles apresentavam níveis incorrectos de ingredientes activos, correspondendo a cerca de um em cada seis produtos analisados.