Um novo estudo revela que os cortes no financiamento da ajuda internacional pelos Estados Unidos, implementados pela administração de Donald Trump, podem resultar em mais de 14 milhões de mortes até 2030.
Dentre as vítimas, um terço seriam crianças. A pesquisa foi publicada na revista médica The Lancet.
Davide Rasella, coautor do estudo e investigador do Instituto de Saúde Global de Barcelona, alertou que a interrupção ou reversão dos programas de ajuda pode comprometer duas décadas de avanços na saúde das populações vulneráveis. “O choque resultante seria de uma escala comparável à de uma pandemia global ou de um grande conflito armado”, afirmou Rasella em comunicado.
A publicação coincide com a realização de uma conferência em Espanha sobre o financiamento do desenvolvimento, que reúne líderes mundiais, enquanto os Estados Unidos estão ausentes deste importante encontro.
A ajuda ao desenvolvimento enfrenta desafios significativos devido aos cortes drásticos de financiamento decididos por Trump desde que assumiu o cargo em Janeiro. O estudo analisou dados de 133 países e estimou que os programas da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) evitaram 91 milhões de mortes em países de baixo e médio rendimento entre 2001 e 2021.
Os investigadores projectam que um corte de 83% no financiamento, previsto para entrar em vigor no início de 2025, poderá resultar em mais de 14 milhões de mortes adicionais até 2030. Dentre estas, mais de 4,5 milhões corresponderiam a crianças com menos de cinco anos, o que traduz um aumento de cerca de 700.000 mortes infantis por ano.