O porta-voz das Forças de Defesa do Ruanda (RDF), Brigadeiro General Ronald Rwivanga, anunciou a morte de quatro soldados rwandeses que foram vítimas de uma emboscada no mês passado, numa floresta no distrito de Mocímboa da Praia, localizado na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
A presença de tropas rwandesas em Moçambique iniciou em Julho de 2021, a pedido das autoridades moçambicanas, com o intuito de auxiliar na luta contra o terrorismo na região de Cabo Delgado.
Desde a retirada da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique, o Ruanda já mobilizou 5.000 soldados para combater os terroristas que afirmam lealdade ao autodenominado “Estado Islâmico” (ISIS).
Conforme Rwivanga, citado pela plataforma sul-africana “DefenceWeb”, estas quatro baixas são somadas a três outras perdas e a seis soldados feridos. “Conseguimos contê-los, mas perdemos quatro soldados há poucas semanas. Caímos numa emboscada na floresta”, declarou.
O porta-voz destacou que, apesar de alguns ataques esporádicos por parte dos terroristas, a situação de segurança está sob controle. “Uma das conquistas da RDF foi forçá-los a recuar para as florestas densas. De lá, eles procuram alvos fáceis, deslocando-se para as aldeias a fim de roubar alimentos”, frisou.
Rwivanga elucidou que a guerra na selva é complexa. “Por vezes, utilizamos drones para rastrear os insurgentes. Contudo, a visibilidade é um desafio devido à densa vegetação”, explicou. O acesso restrito às áreas costeiras foi uma das consequências da sua estratégia, a qual os privou de rotas essenciais para se conectarem com as grandes redes do ISIS que operam em África.
“Todas as áreas costeiras estão limpas. Conseguimos bloquear o acesso a alimentos e meios de comunicação,” acrescentou o Brigadeiro.
O porta-voz reconheceu que uma das razões pelas quais as forças de defesa e segurança moçambicanas não conseguiram lidar com o ISIS sozinhas foi uma falta de competência e disciplina, mas enfatizou que agora têm o conhecimento necessário para actuar. “Durante dois anos, entre 1996 e 1998, vivemos uma insurgência no Ruanda. Portanto, sabemos como lutar este tipo de combate. Não intendemos ficar em Moçambique para sempre; por isso, treinamos as forças locais”, concluiu.
Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados, existem 25.000 pessoas deslocadas recentemente em Cabo Delgado, necessitando urgentemente de alimentos, abrigo, assistência médica e proteção. A agência alertou que apenas 32% das suas necessidades estão financiadas, levando a uma crescente vulnerabilidade.
Dados recentemente divulgados pelo Centro Africano para Estudos Estratégicos, uma instituição académica do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que analisa conflitos em África, revelam que, apenas em 2024, pelo menos 349 pessoas perderam a vida em ataques por grupos extremistas islâmicos em Cabo Delgado.