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Elias Dhlakama critica liderança da Renamo e culpa Ossufo Momade pelo declínio do partido

Elias Dhlakama, ex-guerrilheiro do movimento rebelde moçambicano Renamo e irmão do falecido líder Afonso Dhlakama, afirmou que a desmobilização da milícia da Renamo “não foi um projecto da Renamo” e que não teve relação com as intenções do seu irmão.

Em entrevista à estação de televisão independente STV, Dhlakama frisou que mais de 5.000 antigos guerrilheiros da Renamo foram desmobilizados no âmbito do programa de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR). Segundo ele, o que Afonso Dhlakama pretendia era a integração dos combatentes da Renamo em todas as instituições de defesa e segurança de Moçambique, uma intenção que não se concretizou.

Dhlakama não assinalou que o DDR fazia parte do acordo de paz assinado em 2019 entre o então Presidente Filipe Nyusi e o actual líder da Renamo, Ossufo Momade. O ex-guerrilheiro demandou, ainda, a resignação de Momade e defendeu o encerramento dos escritórios da Renamo em todo o país, alegando que tal situação resulta da má gestão da actual liderança do partido, que provocou uma queda significativa nos votos nas eleições gerais de 2024, onde a Renamo, antes segunda, caiu para a terceira posição.

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Este ex-integrante do movimento criticou a liderança de Momade pela ineficácia em defender a descentralização através da realização de eleições distritais. Dhlakama alegou que a Renamo colaborou com o partido no governo, Frelimo, para adiar estas eleições para um futuro indeterminado.

Segundo Elias Dhlakama, “o encerramento dos escritórios não é um problema, mas a consequência de um problema”. Ele destacou que a verdadeira questão reside no motivo pelo qual a Renamo perdeu controlo sobre oito municípios, colocando em causa a liderança de Momade. “Se a situação na Renamo exige a renúncia do seu líder, porque é que ele não sai?”, questionou.

Embora Dhlakama reconheça que Momade foi eleito Presidente da Renamo, afirma que os que o elegeram agora pedem a sua saída. Vale ressaltar que Dhlakama não é um observador imparcial na situação interna da Renamo, uma vez que foi o principal adversário de Momade nos últimos congressos do partido, realizados em 2019 e 2024, onde Momade saiu vencedor em ambas as votações.