O Centro de Integridade Pública (CIP) manifestou a sua exigência de que o Governo de Moçambique revele publicamente os nomes, cargos e funções dos indivíduos implicados em actos de corrupção na empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
Esta posição surge na sequência de declarações do Presidente da República, Daniel Chapo, que denunciou a presença de “raposas e corruptos” na LAM, os quais, segundo ele, têm criado conflitos de interesse que obstaculizam a reestruturação da companhia no âmbito do plano de governação para os primeiros 100 dias.
Durante uma recente comunicação, Chapo destacou que um dos principais objectivos do seu Governo era a aquisição de três novos aviões para a LAM.
No entanto, revelou que existem interesses privados que favorecem a continuação do aluguer de aeronaves, uma situação que permite a obtenção de comissões por parte de certos indivíduos. O Presidente mencionou ainda uma missão enviada à Europa para inspeccionar novos aparelhos, a qual regressou sem resultados satisfatórios.
Em resposta a estas revelações, o CIP publicou uma análise, assinada pelos investigadores Baltazar Fael e Ivan Maússe, que critica o discurso do Presidente por não corresponder às exigências de transparência e responsabilidade. O relatório adverte que “não basta denunciar a existência de corrupção; é imperativo nomear os corruptores e os corrompidos”, acrescentando que “falar sem actuar, perpetua o esquema”.
O CIP sublinha a importância de que o Presidente identifique claramente os protagonistas envolvidos, os interesses que representam, os cargos que ocupam, e quais as medidas que estão a ser tomadas contra eles. “Sem essa verdade integral, não há ruptura com o passado”, alertou a ONG.
Além disso, a falta de revelações específicas levanta questões sobre a possibilidade de se tratar de uma “manobra para justificar o insucesso do Governo em cumprir com as suas obrigações” conforme o plano estabelecido para os primeiros 100 dias de governação. O CIP recordou que promessas de reformas para combater a corrupção que se ficam apenas pelo discurso político não são uma novidade no país.