O ex-presidente brasileiro Fernando Collor de Mello foi detido por agentes da Polícia Federal, quando se preparava para embarcar num voo para Brasília, com o intuito de se entregar às autoridades.
A sua prisão ocorreu após o juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter decretado a medida na noite anterior, rejeitando os últimos recursos apresentados pela defesa do ex-presidente.
Collor, que já foi governador de Alagoas, viu a sua liberdade limitada em decorrência de uma condenação a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção. A sentença resulta de um processo ligado à Operação Lava Jato, que revelou um vasto esquema de corrupção envolvendo a petrolífera Petrobras. O ex-presidente é acusado de ter recebido, em 2015, cerca de quatro milhões de euros em luvas da empresa BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras na época.
Apesar de ter anunciado a sua intenção de se entregar, a decisão do juiz Moraes de ordenar a prisão de Collor foi criticada por muitos, até mesmo dentro do meio jurídico, que considera a conduta intempestiva e excessivamente rigorosa. Moraes, em sua argumentação, justificou a prisão afirmando que os últimos recursos do ex-presidente visavam apenas atrasar o cumprimento da pena.
A situação tornou-se ainda mais tensa, uma vez que o plenário do STF se reunirá na sexta-feira para deliberar sobre a legalidade da ordem de prisão emitida por Moraes. Os 11 juízes do tribunal vão votar virtualmente para decidir se a detenção de Collor se mantém ou se será revogada.
Fernando Collor de Mello, cujo nome sempre esteve associado a escândalos de corrupção, fez história ao ser eleito presidente do Brasil em 1989, apresentando-se como um “caçador de corruptos”.
No entanto, em 1992, apenas dois anos após ter assumido o cargo, foi destituído pelo Congresso Nacional, acusado de envolvimento num esquema de corrupção que envolvia o seu tesoureiro de campanha, PC Farias, que foi assassinado anos depois.