A Justiça boliviana anunciou um novo pedido de prisão contra o ex-presidente Evo Morales, acusado de abuso sexual e tráfico de pessoas. A decisão, revelada pelas autoridades locais, surge num contexto de crescente incerteza política no país.
As graves acusações contra Morales, que governou a Bolívia de 2006 a 2019, tornaram-se públicas em Outubro de 2024. Segundo relatórios do Ministério Público, o ex-presidente é acusado de ter estuprado uma menor de 15 anos durante o seu mandato. Este caso tem gerado grande controvérsia e divisões políticas, particularmente dentro da ala esquerda boliviana.
O pedido de prisão foi emitido após Morales não ter comparecido a uma audiência crucial relacionada ao caso, marcando a segunda vez que o ex-presidente falha em cumprir compromissos judiciais. Em resposta, o juiz Nelson Rocabado, do Tribunal Departamental de Justiça de Tarija, ordenou ainda o congelamento das contas bancárias de Morales e o registo de seus bens.
Em declarações proferidas em Dezembro do ano passado, Morales alegou ser alvo de uma “guerra judicial” orchestrada pelo seu ex-aliado e actual presidente, Luis Arce. O ex-presidente, que continua a negar todas as acusações, manifestou-se após o Ministério Público solicitar sua detenção devido à sua recusa em depor sobre o caso.
A pressão judicial sobre Morales ocorre num momento particularmente conturbado para o seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS). Desde meados de 2021, o ex-presidente e o actual chefe de Estado entraram em conflito aberto, resultado de divergências sobre o futuro da sigla.
Recentemente, Arce foi expulso do MAS após não comparecer a um evento que visava a definição do candidato do partido para as próximas eleições.
