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Protestos em Nampula resultam em 21 mortos e mais de 100 feridos graves

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Hospital Central de Nampula enfrenta pressão após confrontos violentos desencadeados pela proclamação dos resultados eleitorais.

O Hospital Central de Nampula, a maior unidade sanitária da região norte do país, confirmou nesta quarta-feira (27) um balanço trágico na sequência dos protestos que eclodiram após a proclamação dos resultados eleitorais. Pelo menos 21 pessoas perderam a vida e 116 ficaram gravemente feridas.

De acordo com as autoridades hospitalares, 17 das vítimas mortais deram entrada já sem vida, enquanto outras quatro não resistiram aos ferimentos durante o processo de atendimento médico.

“Situação é alarmante”

O director clínico do hospital, em conferência de imprensa, descreveu a situação como alarmante, destacando a complexidade dos casos recebidos.

“Recebemos aproximadamente 480 pessoas, das quais 116 apresentavam ferimentos graves, com sangramentos excessivos, que exigiram intervenção cirúrgica imediata. Tivemos de reforçar a equipa de médicos cirurgiões e ortopedistas para dar resposta à elevada procura”, explicou.

Entre os óbitos, constam também um agente da polícia e um membro das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), o que ilustra a gravidade dos confrontos.

Pressão nos serviços e falta de recursos

O Hospital Central de Nampula encontra-se sob pressão, com as equipas de saúde a trabalharem para lidar com a elevada procura por assistência médica. No entanto, a situação é agravada pelas dificuldades no acesso à unidade hospitalar, uma vez que as estradas estão bloqueadas por barricadas montadas pelos manifestantes.

“As vias estão praticamente cortadas. Temos apenas três ambulâncias a operar para transportar técnicos de saúde e pacientes em estado crítico. Muitos profissionais não conseguem chegar ao hospital, o que obriga os que já estão na unidade a trabalharem longas horas para suprir a demanda”, afirmou um responsável da unidade.

Estoque de sangue em risco

A escassez de sangue é outro desafio enfrentado pela unidade hospitalar. Nas últimas 24 horas, mais de 40 das 70 unidades disponíveis foram utilizadas, deixando os serviços de transfusão em estado crítico.

“Precisamos urgentemente de doações de sangue para continuar a salvar vidas. O aumento de pacientes com ferimentos graves e as dificuldades de abastecimento agravam ainda mais a situação”, apelou o director clínico.

Apelos à calma e à paz

As autoridades sanitárias lançaram um apelo à calma e pediram aos manifestantes que cessem os actos de violência, alertando que o hospital poderá entrar em colapso se a situação persistir.

“A prioridade agora deve ser salvar vidas. Pedimos à população que facilite o acesso às unidades de saúde e aos profissionais que trabalham incansavelmente para prestar assistência médica aos feridos”, reforçou o responsável.

Cenário de tensão em Nampula

Os protestos em Nampula começaram após a proclamação dos resultados eleitorais que deram vitória ao candidato da FRELIMO, Daniel Chapo, com 65,17% dos votos. A oposição alega fraude eleitoral e tem liderado manifestações em várias províncias, incluindo Nampula, onde os confrontos resultaram em destruição de infra-estruturas, bloqueios de estradas e saques.

Enquanto o ambiente permanece tenso, as autoridades continuam a monitorar a situação e a mobilizar recursos para responder à crise humanitária provocada pelos actos de violência.