Centenas de moçambicanos provenientes da África do Sul foram forçados a passar o dia de Natal na paragem da Junta, na cidade de Maputo, devido à falta de transporte público. A situação agravou-se com a especulação de preços das viagens e relatos de assaltos.
Viagens interrompidas e incertezas
Elídio, um jovem trabalhador migrante na África do Sul, sonhava celebrar as festividades junto à família na sua terra natal. No entanto, tal como muitos outros compatriotas, viu-se obrigado a passar o Natal na estrada, à espera de transporte para a província de Gaza.
Outro viajante, Manuel, que se deslocava também para Gaza, relatou estar retido há dois dias, sem transporte e já sem dinheiro. “Fiquei sem opções, não há transporte e o pouco que tenho já foi gasto. Estou desesperado”, desabafou.
Especulação de preços e insegurança
Com a escassez de transporte, os poucos operadores que ainda circulam pela Estrada Nacional Número Um (EN1) estão a cobrar tarifas elevadas. Florentina, que viajava para a província de Inhambane, revelou que há mais de cinco dias tenta seguir viagem.
Os preços das passagens subiram drasticamente, chegando aos 1000 meticais por viagem, contra os habituais 350 a 500 meticais. A situação também tem sido marcada por relatos de assaltos, deixando os passageiros ainda mais vulneráveis.
Desespero entre passageiros
Entre os retidos, destacam-se mulheres com crianças, como Tânia, que há dois dias aguarda transporte para Xai-Xai. “Tenho um bebé ao colo e não consigo sair daqui. Os preços estão altíssimos e é impossível pagar o que pedem”, contou.
Prejuízos e deterioração de produtos
Além da incerteza sobre a continuidade das viagens, há registos de prejuízos devido à deterioração de produtos transportados. Muitos passageiros traziam mercadorias da África do Sul, que ficaram expostas ao calor e à falta de conservação adequada.
Futuro incerto para regressos e trabalho
Com a situação a persistir, aumenta a preocupação entre os viajantes sobre o regresso às suas zonas de origem e o cumprimento de compromissos laborais na África do Sul. A falta de transporte e a especulação nos preços continuam a ser um desafio para centenas de moçambicanos retidos na paragem da Junta.