Nos primeiros nove meses do ano, o Instituto Nacional de Estatística (INE) reportou que pelo menos 315 mulheres perderam a vida durante cerca de 800 mil partos realizados em todo o país.
Este dado alarmante coloca em evidência a grave situação da mortalidade materna em Moçambique, especialmente na província de Nampula, que registou o maior número de óbitos, somando 88 mortes.
A análise das causas das mortes maternas revela uma realidade preocupante, sendo a gravidez precoce a principal razão para os óbitos entre gestantes com menos de 19 anos. Outras causas significativas incluem hemorragias, rompimentos uterinos, transtornos hipertensivos, pré-eclâmpsia, eclâmpsia e diversas complicações obstétricas.
Luísa Mureche, chefe da Repartição de Assistência Médica da Direção dos Serviços de Saúde da Cidade de Maputo, sublinhou que crenças culturais e religiosas desempenham um papel crucial nas complicações enfrentadas durante o parto. Muitas mulheres optam por aguardar a autorização de familiares, frequentemente da sogra, antes de buscarem auxílio médico quando iniciam o trabalho de parto.
Em contrapartida, a mortalidade materna na cidade de Maputo tem registado uma diminuição, resultado da intensificação dos serviços pré-natais e do melhor acesso às unidades de saúde e cuidados médicos. Mureche enfatizou que estas melhorias têm gerado um impacto positivo na redução das complicações durante o parto.
Para enfrentar este desafio, as autoridades de saúde estão a promover a utilização de métodos contraceptivos, a conscientização de parteiras tradicionais e a melhoria dos serviços de saúde.
Estas iniciativas visam não apenas reduzir as mortes maternas, mas também assegurar um acompanhamento eficaz das gestantes e promover práticas seguras durante a gravidez e o parto.