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Moçambique aposta em novas técnicas para o tratamento do cancro do colo do útero

Moçambique está a desenvolver avanços promissores no campo do diagnóstico e tratamento do cancro do colo do útero, com o objectivo de reduzir o número de complicações e mortes associadas a esta doença.

Os esforços incluem a realização de dois importantes ensaios clínicos aleatórios, que poderão abrir caminho para novas abordagens na luta contra o cancro.

O primeiro estudo teve início em Janeiro deste ano e centra-se no desenvolvimento de métodos inovadores para a detecção de lesões pré-cancerígenas, especialmente em mulheres que apresentaram alterações nos testes de rastreio realizados em unidades de saúde periféricas. A identificação precoce destas lesões é crucial para prevenir a progressão para o cancro.

O segundo ensaio clínico, iniciado em Abril, foca-se na identificação do melhor tratamento a ser seguido por mulheres infectadas pelo HIV que também apresentem lesões pré-cancerígenas. Esta investigação é particularmente relevante dado o impacto da imunossupressão causada pelo HIV no desenvolvimento de doenças como o cancro.

Estes estudos fazem parte das actividades promovidas pelo Hospital Central de Maputo (HCM) no âmbito do “Outubro Rosa”, uma campanha global de sensibilização para a prevenção e tratamento dos cancros que afectam as mulheres, nomeadamente o cancro do colo do útero e o cancro da mama.

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As pesquisas são desenvolvidas no âmbito do projecto “Consórcio Avanço”, uma colaboração entre o Centro de Treino e Pesquisa do HCM, a Universidade do Texas e a Rice University, ambas dos Estados Unidos da América. Até ao momento, foram testadas 52 amostras de mulheres com idades compreendidas entre os 30 e os 49 anos, provenientes da cidade e província de Maputo. Os resultados dessas amostras serão divulgados em breve.

O projecto abrange uma vasta gama de pacientes, desde aquelas sem lesões, até mulheres com lesões pré-cancerígenas de baixo e alto risco, e casos confirmados de cancro do colo do útero. As pacientes com diagnóstico confirmado são encaminhadas para o departamento de ginecologia oncológica, onde o tratamento é iniciado de imediato.

Anualmente, Moçambique regista uma média de 26 mil novos casos de cancro. Este aumento pode estar relacionado com o crescimento das capacidades de rastreio nas unidades de saúde, permitindo diagnósticos mais frequentes e precoces.

Com estas iniciativas, o país espera melhorar significativamente os resultados no combate ao cancro do colo do útero, especialmente em populações vulneráveis como as mulheres seropositivas, garantindo um tratamento mais eficaz e oportuno.