Em Moçambique, quase 120 pessoas sofreram cegueira irreversível em 2024 devido a um surto de conjuntivite, conforme revelou Lígia Munguambe, chefe do Programa Nacional de Oftalmologia do Ministério da Saúde.
A responsável informou à Lusa que o surto resultou em 195 casos de complicações oculares graves, na maioria atribuídas à automedicação inadequada e ao uso de substâncias tóxicas nos olhos. Muitas das vítimas utilizaram limão, urina, pomadas destinadas ao corpo e várias plantas na tentativa de tratar a conjuntivite.
Lígia Munguambe detalhou que, das 119 pessoas que desenvolveram cegueira irreversível, 41 ficaram completamente cegas em ambos os olhos, enquanto 78 apresentaram cegueira parcial.
O período do surto, que decorreu de Fevereiro a Maio deste ano, contabilizou 68.400 casos acumulados da doença. No entanto, a responsável indicou que há mais de dois meses não são reportados novos casos de conjuntivite hemorrágica nas unidades sanitárias.
Além disso, Agostinho Vuma, presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), alertou em 22 de Março, em Maputo, sobre o impacto negativo do surto na produtividade empresarial.
Vuma destacou que a conjuntivite tem levado à dispensa de funcionários afectados, que ficam fora do trabalho por mais de 15 dias, o que tem prejudicado o desempenho das empresas e a produtividade laboral.