Internacional Protestos no Bangladesh resultam em mortes e detenções em massa

Protestos no Bangladesh resultam em mortes e detenções em massa

Nos últimos dias, pelo menos 173 pessoas morreram e mais de 1.100 foram detidas no Bangladesh, em consequência dos intensos protestos contra as quotas de recrutamento para funcionários públicos, informou a agência France-Presse (AFP).

O movimento estudantil, que iniciou as manifestações, suspendeu os protestos na segunda-feira por 48 horas. O líder do movimento declarou que não deseja reformas “à custa de tanto derramamento de sangue”.

As autoridades impuseram recolher obrigatório e mobilizaram soldados para patrulhar as cidades deste país do sul da Ásia, que é o oitavo mais populoso do mundo, segundo a AFP.

O exército anunciou que a ordem foi restabelecida na noite de segunda-feira.

Segundo informações da polícia local, pelo menos 200 pessoas foram detidas nas regiões de Narayanganj e Narsingdi, no centro do país. Em Bogra, 80 pessoas foram detidas, 75 na cidade de Rangpur, 168 na cidade industrial de Gazipur, próxima da capital, e 60 em Barisal, no sul. Estes números somam-se às 532 detenções em Daca, já anunciadas na segunda-feira.

Uma forte presença militar era visível esta manhã na capital, reportou a AFP.

As manifestações, que começaram no início de Julho, foram convocadas principalmente por estudantes que exigem o fim das quotas de admissão na função pública. Os manifestantes acusam que estas quotas favorecem as elites próximas do poder.

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Nos últimos dias, os protestos intensificaram-se, representando o maior desafio para a primeira-ministra Sheikh Hasina desde que assumiu o quarto mandato consecutivo, em Janeiro, numa eleição boicotada pelos principais grupos de oposição.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) apelou à comunidade internacional para que inste as autoridades do Bangladesh a “pôr fim ao uso excessivo da força contra os manifestantes e responsabilizar as tropas pelas violações dos direitos humanos”.

“O Bangladesh tem sido perturbado há muito tempo devido a abusos ilimitados das forças de segurança contra qualquer pessoa que se oponha ao Governo de Sheikh Hasina, e estamos a testemunhar o mesmo padrão novamente, desta vez contra manifestantes estudantis desarmados”, afirmou Meenakshi Ganguly, vice-director da HRW para a Ásia, em comunicado.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também apelou na segunda-feira ao Governo do Bangladesh para respeitar “o direito à livre expressão e reunião pacífica” e pediu “uma investigação rápida e transparente dos actos de violência”.