Os trabalhadores estão a pressionar as entidades patronais para aumentarem os salários, tendo em conta o atual custo de vida. Durante uma reunião realizada para discutir a revisão salarial, incluindo o salário mínimo, a Confederação das Associações Económicas (CTA) assegurou que haverá um ajuste, enquanto o Governo afirma que tudo dependerá da análise do desempenho económico.
A Comissão Consultiva do Trabalho reuniu-se na sexta-feira para mais uma rodada de conversações entre trabalhadores, empregadores e o Governo sobre o aumento salarial para este ano. No ano passado, os salários mínimos quase dobraram para a maioria dos trabalhadores, com a implementação da Tabela Salarial Única.
No entanto, para este ano, a questão do aumento salarial ainda permanece incerta.
A Organização dos Trabalhadores de Moçambique (OTM Central-Sindical) está à espera da avaliação do desempenho económico nos vários setores de atividade antes de apresentar propostas concretas para as negociações.
“Quando discutimos a nível dos setores, a perspetiva é sempre de aumento salarial. A certeza que temos é que os diferentes setores de atividade estão a discutir os salários mínimos e, a partir do momento em que se discute os salários num setor de atividade, as expectativas são altas, tanto para os empregadores como para os trabalhadores”, explicou Clara Munguambe, representante da CTA.
Apesar disso, os trabalhadores insistem que o salário mínimo, quando aprovado, deve ser suficiente para cobrir o custo de uma cesta básica.
“O salário ideal seria equivalente ao valor da cesta básica, que ronda os 30 mil meticais. No entanto, durante as negociações sobre o salário mínimo, a questão da cesta básica é frequentemente deixada de lado. O ideal seria a cesta básica, pois isso daria aos trabalhadores a capacidade de atender às demandas do mercado”, explicou Boaventura Simbide, representante da Confederação Nacional dos Sindicatos Independentes e Livres de Moçambique (CONSILMO).
Por outro lado, a CTA está confiante de que os salários serão ajustados.
“Há acordos em todos os setores, mas ainda não podemos falar sobre percentagens, pois ainda estamos a analisar. No entanto, foram alcançados acordos, o que significa que haverá um ajuste salarial”, explicou Paulino Cossa, representante do pelouro de Política Laboral da CTA.
Enquanto isso, o Governo prefere não comentar sobre se haverá ou não um aumento salarial até que a situação económica esteja clara.
“Devemos ter paciência para aguardar os resultados que surgirão da reunião plenária da Comissão Consultiva e posteriormente do Governo. O diálogo social no local de trabalho deve continuar, para que as empresas possam aprovar o que for possível, de acordo com sua realidade em diferentes setores”, afirmou Joaquim Siuta, representante do Governo.
Estes comentários foram feitos à margem de uma reunião da Comissão Consultiva do Trabalho.