O crescente número de casos graves de conjuntivite hemorrágica em Moçambique tem gerado preocupação entre as autoridades de saúde, especialmente na província de Sofala, devido ao uso inadequado de tratamentos caseiros e autotratamento, que resultam em complicações severas, incluindo casos de cegueira.
A conjuntivite hemorrágica é uma condição ocular caracterizada por inchaço súbito das pálpebras, congestão, vermelhidão e dor nos olhos.
Ana Tambo, diretora clínica do Hospital Central da Beira (HCB) em Sofala, revelou que atualmente 36 pacientes estão hospitalizados devido a complicações graves causadas pela conjuntivite. O alto grau de infecção e inflamação torna incerto se alguns pacientes perderão a visão, e muitos deles podem precisar de cirurgia.
A maioria dos pacientes afetados pela conjuntivite em todo o país recorre a práticas inadequadas de autotratamento, como lavar os olhos com urina, limão ou piripiri, o que agrava a situação. Ana Tambo enfatizou que algumas pessoas podem perder a visão devido a essas práticas impróprias.
Apesar dos desafios, a diretora clínica observou uma redução significativa no número de casos de conjuntivite nos últimos dias no HCB, de cerca de 150 para cerca de 50 diários.
Em outra região de Moçambique, na província de Cabo Delgado, mais 11 pessoas ficaram cegas após recorrerem a tratamentos caseiros para a conjuntivite. Cristóvão Matsinhe, diretor clínico do Hospital Provincial de Pemba, relatou que três pessoas perderam completamente a visão em ambos os olhos, enquanto oito perderam parcialmente a visão em um olho. Os tratamentos caseiros incluíam a aplicação de urina nos olhos, pasta dentífrica, água do mar e piripiri.
Embora o número de casos diários de conjuntivite tenha diminuído para cerca de 50 em Cabo Delgado, após ultrapassar mil casos diários durante o pico do surto, ainda é uma preocupação para as autoridades de saúde locais. Os dados do Hospital Provincial de Pemba indicam 11.174 casos de conjuntivite bacteriana e 155 de conjuntivite hemorrágica até o momento.