A dívida pública dos EUA já supera os US$ 30 trilhões, e os pagamentos de juros anuais romperam a barreira do US$ 1 trilhão.
Além disso, foram divulgados dados surpreendentemente positivos sobre a produção industrial e sobre as vendas no varejo nos EUA. Esses fatores influenciaram o aumento das taxas de juros de longo prazo, com as taxas de dez anos atingindo 5%, e as de 30 anos, 5,10%.
Contudo, as hipotecas de longo prazo custam hoje mais de 8% ao ano. Os dirigentes do Federal Reserve (Fed) têm sinalizado a possibilidade de interromper o aumento dos juros curtos, e isso traz algum alívio para os mercados; argumentam que a alta das taxas longas pode, por si só, compensar a necessidade de se elevar as taxas curtas.
Se a tensão externa persistir, o Fed poderia até reverter o movimento de redução de seu balanço, adquirindo títulos do Tesouro americano para tentar conter o aumento das taxas. É importante destacar que existe um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de títulos de longo prazo nos Estados Unidos devido à redução da demanda por parte dos asiáticos e à interrupção das compras pelo Fed, bem como ao grande déficit fiscal do governo dos EUA, que coloca mais títulos no mercado.
Além disso, há preocupações com o possível fechamento do governo americano (shutdown) devido à falta de acordo no Congresso sobre o limite da dívida. A contagem regressiva de 30 dias para resolver essa questão também está preocupando os mercados.
O último relatório “Livro Bege” também mostrou que a economia americana está mais forte do que se imaginava no terceiro trimestre. Portanto, além das tensões no Oriente Médio que pressionam os preços de petróleo e inflação, também é preciso acompanhar de perto a situação nos Estados Unidos.
Uma boa notícia recente para os mercados foi o crescimento do PIB da China de 4,9% no terceiro trimestre, superando as estimativas de 4,5%. A produção industrial chinesa também subiu, assim como as vendas no varejo, sugerindo um sólido desempenho econômico, apesar dos desafios enfrentados pelo setor imobiliário.
No Brasil, o presidente do Banco Central reforçou a visão de que o ritmo adequado de corte da Taxa Selic é de 0,50%. O cenário mais provável é de terminarmos o ano com uma Taxa Selic de 11,75%, com cortes de 0,50% na próxima reunião de novembro e mais 0,50% na última reunião do ano, em dezembro.
O Índice Geral de Preços da FGV (IGP) na segunda prévia teve uma alta de 0,64%, com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) registrando alta de 0,14%, o Índice Nacional de Construção Civil (INCC-M) com alta de 0,28% e o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subindo 0,83%.
Isso se deve, em parte, ao aumento do preço do petróleo, que afeta praticamente todos os bens da economia. A desvalorização do real tem um impacto inflacionário direto nos preços no atacado. Itens exportados e importados, como soja, milho, trigo, café, cimento, petroquímicos, máquinas, asfalto etc, ficam mais caros em reais devido à desvalorização da moeda brasileira.
Apesar de o IPCA estar controlado, o cenário de preços no atacado é mais desafiador e pode exercer pressão sobre a inflação no Brasil no futuro. As notícias sobre atividade econômica foram menos favoráveis, com queda nas vendas no varejo e no setor de serviços em agosto. Isso contribui para um cenário mais desafiador no terceiro trimestre, com um nível de atividade mais lento devido à ainda elevada Taxa Selic.
Entretanto, o crescimento brasileiro nos trimestres anteriores foi impulsionado pelo setor de commodities, por petróleo e agronegócio, em vez de um aumento significativo no consumo interno, no varejo ou nos serviços.