Destaque Brigadistas acusados de falsificação de cartões na Matola

Brigadistas acusados de falsificação de cartões na Matola

Foram ouvidos pelo Tribunal na Matola três agentes recenseadores, acusados pela Renamo da prática de ilícitos eleitorais, durante o recenseamento eleitoral. Das cinco acusações que pesam sobre si, o juiz considerou falsa a produção de cartões de eleitores.

Entretanto, os indiciados ouvidos esta terça-feira, pelo Tribunal Judicial da cidade da Matola, foram acusados pela Renamo em Maio último de praticar ilícitos eleitorais durante o recenseamento eleitoral.

O ofendido é o partido Renamo, representado pelo membro e advogado Saimon Macuiane, que afirma participar desta secção de julgamento preocupado com o facto de só agora, cinco meses depois da queixa ser apresentada à Procuradoria da Matola.

Contudo, a Renamo acusa três agentes que estiveram a trabalhar num dos posto de recenseamento, na cidade da Matola, nomeadamente entrevistador, digitador e supervisor, de promover a movimentação ilícita do material de captação de dados (Mobile-ID’s), registo clandestino de eleitores e movimentação de eleitores de Moamba para Matola.

A Renamo diz que houve uma denúncia de um cidadão, sobre a existência de cartões de eleitor (quatro cartões), uns sem assinatura, outros sem fotografia ou com fotografias de baixa qualidade e com fundo branco, diferente dos outros que têm fundo a cores.

No arranque do julgamento, nesta terça-feira, o juiz esclareceu que, dos cinco ilícitos arrolados pela acusação, apenas um foi levado a julgamento, de alegada falsificação de cartões de eleitores na brigada afecta à Escola Primária Completa da Matola B, na Matola.

“Nós andámos pelos bairros, conversámos com as pessoas e ouvíamos reclamações. Para tornar sério o processo, nós pedimos provas e nos foram entregues estes cartões de eleitor. Por razões de segurança, não poderei facultar a minha fonte”, disse Edmundo Panguene, declarante.

O declarante, que é também mandatário da Renamo, defende que a falsificação dos cartões visava aumentar o universo dos eleitores no município, para favorecer o partido no poder.

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Entretanto, o entrevistador, o digitador e o supervisor afectos à escola em questão negaram estar envolvidos, uma vez que os cartões danificados eram colocados num plástico inviolável.

Questionado sobre o seu conhecimento acerca da existência de cartões que, imprimidos, saiam com algumas falhas, a supervisora respondeu que conhecia o facto.

“Há vezes sim que a câmara não reconhecia a face das pessoas ou ainda não o cartão saia sem assinatura, o que fazia com que utilizássemos os cartões e colocássemos todos num saco plástico inviolável, que era entregue, a posterior, aos responsáveis no STAE.”

Foi questionado aos membros da brigada da EPC Matola “B” se em nenhuma vez terá visto movimentação estranha, desaparecimento do saco ou outro cenário que justificasse a circulação dos cartões em causa.

A resposta foi negativa para os três, explicando que “no fim do processo todo, o equipamento foi recolhido e devolvido ao STAE, incluindo os sacos plásticos, contendo os cartões ivalidados”.

O que a supervisora não soube explicar é o facto de não haver provas (registo) de que todo o material foi entregue, daí que o juiz solicitou o nome do técnico que recebera o material, para que seja ouvido.

No final da audiência, o advogado da Renamo disse esperar que a justiça seja feita.

Por sua vez, a defesa dos brigadistas diz-se esperançosa para um resultado positivo.

Ouvidos os três arguidos e o declarante, o juiz do processo marcou para o dia 23 de Outubro a audição de novos intervenientes, nomeadamente o técnico do STAE, que recebeu o equipamento da brigada e mais dois agentes da PRM, que garantiam a segurança da EPC Matola D.