Destaque Ativistas acusam PRM de terrorismo

Ativistas acusam PRM de terrorismo

Nas primeiras horas de sábado (18), agentes da polícia fortemente armados inundaram os locais indicados pelos organizadores das marchas em homenagem ao rapper Azagaia, um pouco por todo o país.

As marchas estavam devidamente autorizadas nas cidades da Beira, Maputo, Chimoio, Xai-Xai, Nampula, entre outros pontos. Mesmo assim, a Polícia da República de Moçambique (PRM) recorreu à força para dispersar os manifestantes, particularmente na cidade de Maputo.

Pelo menos, 18 pessoas ficaram feridas. O caso mais grave é o do jovem Inocêncio Manhique, que perdeu o olho, alegadamente atingido por uma bala de borracha disparada pela polícia.

“Eu fui vítima de uma cobardia. Creio que a ideia era me matar”, disse Manhique em declarações à DW África. “Depois da bala, poderiam ter me socorrido, mas não foi isso que aconteceu. Atiraram gás lacrimogéneo.”

“Terrorismo de Estado”

Depois de ser atingido, populares levaram o jovem ao hospital. Ele diz que esteve sete horas a sangrar no banco de socorro, sem ser atendido. Ainda assim, “a luta continua”, assegura o ativista de 34 anos de idade.

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“Não falamos de luta armada, quem tem armas é a polícia. Falamos da luta do papel e da caneta e das nossas palavras”, acrescenta.

Quitéria Guirengane, uma das organizadoras da marcha em homenagem a Azagaia, acusa a polícia moçambicana de terrorismo de Estado.

“A 18 de Março, vivemos em Moçambique um ataque tal e qual o massacre de Mueda, tal e qual o terrorismo em Cabo Delgado. Nós já não sabemos quem é quem aqui. Não sabemos quem nos deve proteger”, lamenta Guirengane.

Segundo a ativista, os agentes da polícia impediram a marcha alegando o cumprimento de supostas ordens superiores, de que não se conhece publicamente o mandante. Mas para Guirengane, uma coisa é clara: “Para a [polícia] se comportar daquela forma, com tamanha brutalidade e violência, significa que há uma responsabilidade do Presidente da República.”

É Filipe Nyusi quem comanda “as Forças de Defesa e Segurança em Moçambique”, explica Guirengane. “Aquela chacina [não poderia ter acontecido] das 7 às 14 horas sem ele ter conhecimento”.