O Mali ataca a França perante as Nações Unidas. Numa semana em que a força Barkhane saiu definitivamente do território maliano, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdoulaye Diop, enviou uma carta ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar as violações do espaço aéreo do Mali, e também acusou as forças armadas francesas de apoiarem os jihadistas. A informação foi confirmada pela RFI.
Abdoulaye Diop, na sua carta, enumera vários episódios em que o espaço aéreo maliano foi violado pelas forças armadas francesas que estavam a vigiar as forças armadas malianas, isto para ameaçar e recolher informações aos jihadistas a quem também forneceram armas e munições segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros maliano.
Bamaco contabilizou cerca de 50 violações do espaço aéreo por drones, helicópteros ou aviões de caça desde o início do ano.
Acusações e números que já eram do domínio público visto que o Governo maliano já tinha apresentado esses factos em finais de Abril.
Nessa altura, uma vala comum tinha sido descoberta em Gossi e tanto a França como o Mali se acusavam mutuamente. As autoridades francesas denunciaram uma campanha de desinformação orquestrada pelos novos aliados russos de Bamaco.
Desde Maio que o Mali rejeitou todos os acordos de defesa com a França. Por isso denunciou acções unilaterais não coordenadas com o Mali para operações anti-terroristas levadas a cabo pela força Barkhane.
Agora o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdoulaye Diop, ameaça defender-se com “legítima defesa” para o que considera ser uma “agressão”.
A embaixada francesa no Mali já reagiu, refutando por completo as acusações: “A França nunca apoiou directamente ou indirectamente os grupos terroristas”.
As autoridades lembraram também que estiveram presentes “no Mali entre 2013 e 2022 a pedido das autoridades malianas”, tendo libertado várias cidades que estavam “sob o controlo de terroristas como Timbuktu e Gao”.
A embaixada francesa recordou ainda que “centenas de terroristas foram neutralizados”, sem esquecer que “53 soldados franceses morreram nessa luta contra os grupos terroristas”, concluindo que até à saída da força Barkhane, “os comunicados dos terroristas apontavam a França como inimigo número 1”, concluiu.
Apesar da saída da força Barkhane, as tensões continuam entre os Governos do Mali e da França.