Especialistas alertam para o risco de saúde das famílias mais pobres, sobretudo das crianças na província da Zambézia devido a subida constante dos preços dos productos básicos.
Há cidadãos que dizem que, por estes dias, não conseguem comprar produtos básicos porque os preços estão a disparar na província da Zambézia, escreve a DW.
“Cada dia que vens ao mercado encontras um preço, diferente do anterior”, conta a cidadã Ornila Azirdo. “Nós que não trabalhamos passamos mal. Pão já não se come. E não fritamos o peixe, cozemos. E o coco também está caro, entre 25 a 30 meticais [50 cêntimos de euro]. Assim fica difícil.”
Especialistas dizem que a inflação em Moçambique já ronda os 9%, mas poderá subir ainda mais este ano, até aos 11,7%, em relação a 2021. Segundo o Standard Bank, a culpa é dos “custos mais elevados dos alimentos importados e dos combustíveis, agravados pelo conflito Rússia-Ucrânia”.
Risco de desnutrição crónica
Face a esta situação, o nutricionista Matias Culpa teme que os casos de desnutrição se agrave no seio das famílias mais pobres, principalmente entre as crianças.
“Se o preço da cesta básica aumenta, as pessoas têm défice de acesso a estes mesmos produtos. Alguém que devia consumir um alimento rico num determinado nutriente já não beneficiará desse nutriente de forma direta. Isso tem consequências para o estado nutricional da própria criança ou do indivíduo”, explica Matias Culpa.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a taxa de desnutrição crónica na província da Zambézia é de 43%, e este número pode aumentar.