A secretária-geral da Amnistia Internacional (AI), Agnès Callamard, alertou esta segunda-feira, 28 de Março, para “desigualdades significativas” na África do Sul, agravadas pela pandemia de covid-19, considerando que no ensino público foi negado a uma geração “completa” a oportunidade de um futuro melhor.
Na sua primeira viagem à África do Sul como secretária-geral da AI, a ativista de direitos humanos apontou ainda que os incidentes de violência de género “aumentaram drasticamente” no país.
Segundo a ONG, mais de 5 milhões de pessoas na África do Sul não tem acesso a água e saneamento adequados, após cerca de três décadas de governação do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no poder desde 1994.
“Aqui na África do Sul, o número de abandono escolar aumentou de 230.000 para 750.000, representando toda uma geração completa de crianças a quem foi negado um futuro melhor”, salientou a responsável da organização não-governamental (ONG), na apresentação das principais conclusões do relatório anual “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo” em 2021/22.
Empresas estrangeiras foram alvo de ataques xenófobos e imigrantes indocumentados foram excluídos da vacina contra a covid-19″, refere-se também no documento divulgado hoje em Joanesburgo, a capital económica do país.
“As forças de segurança continuaram a usar força excessiva contra os manifestantes pacíficos e centenas de pessoas morreram em resultado da ação policial”, apontou.
Na ótica da Amnistia Internacional, os violentos tumultos que eclodiram em julho do ano passado nas províncias sul-africanas de Gauteng – onde se situa as cidades de Joanesburgo e Pretória, a capital do país -, após a prisão do ex-presidente Jacob Zuma, resultando na morte de pelo menos 360 pessoas, “agravou ainda mais as desigualdades” na sociedade sul-africana.
No panorama internacional, no ano passado surgiram evidências da cumplicidade da África do Sul em crimes de guerra no Iémen, segundo a ONG de defesa dos direitos humanos.