Sociedade Covid-19: Sociedade civil considera “precipitado” alívio de restrições

Covid-19: Sociedade civil considera “precipitado” alívio de restrições

O Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO), uma coligação da sociedade civil moçambicana, considerou na sexta-feira (30), “precipitado” o alívio de algumas medidas impostas face à covid-19, devido à alegada impreparação do Sistema Nacional de Saúde e das escolas.

Em declarações à Lusa, o coordenador do FMO, Adriano Nuvunga, considerou “precipitado e apressado” o alívio das restrições, principalmente na cidade e província de Maputo, onde o número de infeções não para de aumentar.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou na quinta-feira o levantamento de algumas restrições impostas no âmbito da prevenção e combate à pandemia de covid-19.

“O levantamento de restrições está em contramão com a realidade no terreno, porque o que temos é o aumento acentuado de casos de covid-19”, declarou Adriano Nuvunga.

Nuvunga criticou em particular a retoma das aulas dos alunos do 7º ano, considerando que o Governo não criou condições de segurança sanitária apropriadas para a retoma da atividade letiva.

“Este Governo não pode conseguir em menos de seis meses o que não conseguiu em décadas, que é criar condições de segurança e higiene nas escolas”, afirmou o coordenador do FMO.

O coordenador do FMO defendeu que o ano letivo de 2020 devia ser anulado, para que o Governo tivesse mais tempo para a organização das escolas face ao risco de infeção pelo novo coronavírus.

Adriano Nuvunga manifestou-se contra a decisão do executivo de declarar a passagem automática dos alunos das classes sem exame, assinalando que a decisão vai agravar a “mediocridade” dos alunos moçambicanos.

“Sou professor e vivo o desinvestimento que está a acontecer na educação. Sem passagens automáticas já está pior, com passagens automáticas, é uma catástrofe”, sustentou.

Para o coordenador do FMO, a decisão do Presidente da República de intensificar o alívio das medidas contra a pandemia é mais política do que técnica.

“Agora é que o Sistema Nacional de Saúde está mesmo em risco de colapsar, anulando o discurso de que era necessário proteger o setor devido à covid-19”, referiu Adriano Nuvunga.

Além de declarar o reinício das aulas do 7º ano, na comunicação à nação que fez na quinta-feira, o Presidente moçambicano anunciou também a retoma da emissão de vistos de turismo e o fim da necessidade de quarentena para quem chega com teste negativo ao país, que, apesar dos alívios, mantém-se em “situação de calamidade pública”.

Filipe Nyusi avançou que a validade do teste exigido para sair e depois regressar ao país (múltiplas entradas) passa a ser de 14 dias a partir da data da colheita da amostra.

As crianças, até aos 11 anos estão isentas de apresentar testes à covid-19 ao entrarem em Moçambique, avançou o Presidente.

Por outro lado, o chefe de Estado anunciou o reinício, sem a presença do público, de todos os campeonatos nacionais a partir de 15 de novembro, bem como a retoma de treinos das seleções nacionais e modalidades individuais que têm compromissos internacionais.

Moçambique contabiliza 12.525 casos de infeção pelo novo coronavírus e 91 óbitos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 44,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China