José Eduardo dos Santos assumiu por escrito ordem para transferir 500 milhões pelos quais o filho está a ser julgado. Sessão foi interrompida. Ministério Público duvidou da autenticidade da carta.
As dúvidas sobre a autenticidade da carta que José Eduardo dos Santos remeteu ao Tribunal Supremo de Angola levou a que a sessão do julgamento da transferência de 500 milhões de dólares (461 milhões de euros), pelos quais o filho José Filomeno dos Santos (“Zénu”) é co-arguido, fosse interrompido.
O ex-presidente de Angola confirmou esta terça-feira ter orientado o antigo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, um dos arguidos neste processo, relativamente a essa transferência, garantindo que tudo foi feito no interesse público.
Questionado sobre as dúvidas do Ministério Público sobre a carta envida pelo antigo presidente, o advogado do ex-governador do BNA, Sérgio Raimundo, considerou que se o documento for falsificado, José Eduardo dos Santos está em condições de o desmentir.
“Não estou a ver ninguém neste planeta com capacidade para falsificar um documento com declarações tão contundentes como esta. Ele [o ex-Presidente] ainda não morreu, está vivo e se alguém está a falsificar essa resposta, ele estará a altura de, a qualquer momento, vir a público e dizer que as declarações não são dele”, realçou.
A solicitação para ouvir José Eduardo dos Santos foi pedida pela defesa do arguido Valter Filipe, que está a ser julgado com os coarguidos José Filomeno dos Santos, filho de José Eduardo dos Santos e antigo presidente do Fundo Soberano de Angola, o empresário Jorge Gaudens Sebastião e o director do departamento de gestão de reservas do BNA, António Samalia Bule Manuel.
Na carta, datada de 6 de Fevereiro, e lida esta segunda-feira de manhã no Tribunal Supremo, em Luanda, José Eduardo dos Santos confirma ter dado orientações a Valter Filipe e ao ex-ministro das Finanças, Archer Mangueira, para realizarem as acções necessárias para conseguir a captação do dinheiro disponível neste fundo.