Sociedade Circuncisão clandestina mal feita complica saúde de criança em Maputo

Circuncisão clandestina mal feita complica saúde de criança em Maputo

Uma criança de três anos de idade está internada no Hospital Provincial da Matola para correcção de circuncisão clandestina mal feita.

A intervenção causou complicações à saúde do miúdo. O caso registou-se na Cidade da Matola. O enfermeiro responsável pela cirurgia nega responsabilidades.

Uma criança de três anos de idade, residente no Bairro da Matola “D”, foi vítima de uma circuncisão feita em condições não recomendáveis e feita por quem supostamente não tivesse habilidades para tal cirurgia.

O seu pai conta que viu números de telefones num centro de saúde privado localizado na Matola, ligou para saber se era possível fazer a circuncisão do seu filho, a pessoa que o atendeu disse que ali não faziam entretanto deu-lhe um número de quem eventualmente podia fazer. Foi assim que começou o sofrimento do rapaz que hoje busca conforto no seu pai que juntos caminham de mãos dadas no seu quintal. Jean Ngozi lamenta o que aconteceu ao seu filho. “A criança ficou a sangrar por um mês e quando o sangue secou descobri que a criança não tinha o canal para urinar. Quando fui ao Hospital disseram-me que devia fazer nova cirurgia para concertar o erro”.

Jean Ngozi é um pai que procurou tudo para curar as feridas causadas por uma circuncisão mal conduzida e ficou mais intrigado por saber que o autor das feridas do filho abandonou-o no meio do tratamento. Disse Jean que isso o chateou bastante. “Aquele enfermeiro depois de fazer a cirurgia veio trocar pensos por duas vezes e depois desapareceu quando liguei não atendia o telefone”.

Recomendado para si:  Mais de 7 mil trabalhadores moçambicanos na África do Sul começam a receber pensões em Moçambique

O Hospital Provincial da Matola recebeu e internou a criança por uma semana para corrigir o erro. A Directora Clínica da maior unidade sanitária da Província de Maputo contou ao “O País” como a criança chegou ao Hospital. “Ele entrou aqui com diagnóstico de traumatismo na uretra, tinha uma fístula na uretra após cirurgia, mas felizmente foi reparada e esta bem, ele vai recuperar-se”.

Maria Acácia Ernesto Lourenço, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros diz que o enfermeiro que fez aquela pequena cirurgia não está registado na Ordem daí que não sabe se o mesmo esteja habilitado para o efeito. Entretanto o Jornal “O País” deslocou-se até ao centro de saúde dzowo, e encontrou lá o enfermeiro. E negou gravar entrevista, disse sem gravar entrevista que exerce a profissão há 30 anos e diz não ter nenhuma responsabilidade com o que aconteceu ao menino, porque segundo suas palavras a cirurgia foi bem-feita. O homem de idade avançada disse à nossa reportagem que o caso já foi encaminhado ao Serviço Nacional de Investigação Criminal

A circuncisão é gratuita em todas unidades sanitárias do país. Para a realização do procedimento estão em serviço 180 provedores, 87 unidades fixas e temporárias e 19 unidades móveis. O Programa é financiado pelo Governo dos EUA.

As Nações Unidas tem como meta circuncisar 27 milhões de homens até 2021. O Ministério da saúde introduziu em 2009 o programa de circuncisão masculina e até o ano passado já foram circuncisados 1.3 milhões de homens no país e a meta é chegar até cerca de dois milhões de circuncisados até 2021.

O País