Num momento em que Moçambique está nos holofotes do mundo, tudo devido a descoberta de recursos mineiros, ele possuí pouco mais de 350 geólogos e engenheiros de minas formados localmente e no estrangeiro, número considerado bastante ínfimo para a produção de informação que facilite a pesquisa de recursos no país.
O presidente da Associação Geológico Mineira de Moçambique (AGMM), Daud Jamal, afirmou que por causa desse défice o país continua com insuficiência de conhecimento detalhado sobre a geologia nacional.
Falando na abertura do II Congresso de Geologia de Moçambique que decorre em paralelo com o XII Congresso de Geoquímica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Daud Jamal afirmou que houve um esforço de se produzir mapas geológicos, mas estes são de dimensão regional e não facilitam as pesquisas.
“Temos um mapa de 1 milhão, e outros de 250 mil, mas estes são regionais. Precisamos de outros com uma escala de 1 por 50 mil que dão uma dimensão detalhada sobre a situação geológica do país”, disse Jamal, para que os mapas detalhados que existem não cobrem dez por cento do território nacional.
Acrescentou que o condicionalismo para a existência desse mapa é a falta de geólogos e de engenheiros de minas.
“Para além de recursos financeiros, são precisos pelo menos 5 geólogos para produzir um mapa detalhado e o país precisa de umas cinco centenas desses mapas, pelo que estamos a falar de um défice de centenas de geólogos no país”, referiu Daud Jamal.
Referiu ainda Jamal, que os desafios da AGMM devido ao défice existente, são a valorização dos profissionais e promoção das ciências para a formação de mais técnicos.
Por seu turno, a ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias, disse a jornalistas que a questão de formação de quadros continua a merecer atenção especial do Governo, daí a promoção de cursos de licenciatura e pós graduação na área.
“Definimos uma estratégia de formação específica para o sector dos recursos naturais que prevê uma formação acima de 4.500 moçambicanos em diferentes áreas, como Geo- ciências, Direito, Economia e Petróleos”, disse a ministra, acrescentando que “é uma estratégia que está a ser implementada pelas empresas que apoiam a formação, a Universidade Eduardo Mondlane e outras instituições de Ensino Superior”.
Revelou ainda Bias, que o programa de capacitação profissional da ENI, uma das empresas que está a fazer pesquisas na Bacia do Rovuma, permitiu formar, até ao momento, 150 moçambicanos de um total de 200 previstos.
Enquanto isso, a Universidade Eduardo Mondlane apresentou cursos e especializações centrados nas Geo- ciências, Ciências ambientais e Engenharias, e pós-graduações em Gestão de recursos minerais e Engenharia de petróleos.