A explosão de paióis em muitos países africanos, principalmente nos francófonos e lusófonos, tende a aumentar de forma assustadora.
Para ilustrar, somente o ano passado foram registados mais de mil casos, que provocaram entre óbitos e feridos estimados em 4 mil pessoas devido a falta de segurança.
O secretário-geral da Comissão Nacional para Eliminação de Minas anti-pessoais da França, Philippe Delacroix disse esta quinta-feira (26), em Maputo, que a falta de segurança, aliado a implantação dos empreendimentos em zonas habitacionais e fraco domínio técnico, são factores que concorrem para que a situação ocorra com frequência em África.
Delacroix sublinha que uma das formas de combater este mal, passa necessariamente pelo desencadeamento de acções de formação em matéria de segurança, bem como a criação de centros de depósitos de munições e implantação de sistemas de monitoria e controle, entre outras operações.
Segundo Delacroix, para a materialização e alcance de resultados satisfatórios urge a necessidade de um maior comprometimento político, por parte dos governos africanos e tomadas de medidas concretas, caso da deslocalização dos paióis para zonas não residenciais.
“É preciso que haja um programa bem estabelecido entre o país que solicita o apoio para materialização e adopção de medidas de segurança específica, principalmente para África para mitigar os efeitos das explosões”, realçou a fonte.
“Para minimizar os efeitos nefastos deste fenómeno a França já despendeu um montante avaliado em cerca de 100 milhões de dólares, com enfoque para os países africanos francófonos e lusófonos”, revelou Delacroix.
Na óptica de Delacroix, o grande desafio passa pela montagem de um sistema de segurança que produza resultados satisfatórios e acabe com o sofrimento de muitos africanos, na sua maioria mulheres e crianças, que se vê impossibilitados de continuar a vida normal, resultante da acção dizimadora dos paióis.
Numa outra vertente o governante sustenta que é preciso dar prioridade às acções de formação em desminagem afim de reforçar as capacidades técnicas dos Estados afectados, criar para estes competências autónomas, o que reduziria a sua dependência financeira para fazer face aos desafios impostos pela desminagem humanitária.
“A criação do Centro de Aperfeiçoamento em Acções de Desminagem e Despoluição, que ela financia juntamente com vários outros parceiros, já formou mais de 1.300 sapadores originários de 28 países africanos francófonos, lusófonos e anglófonos”, concluiu Delacroix.